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Um Capitão: o fim (in)desejado de Francesco Totti

O Filmin.pt estreia esta terça-feira, 16, a minissérie biográfica «Um Capitão» [Speravo de morì prima], que retrata os últimos meses da carreira de Francesco Totti, um dos maiores ícones da história recente do futebol.

Um Capitão

Francesco Totti é um símbolo do futebol mundial no final do século XX e século XXI. Apesar de múltiplas ofertas de outros clubes, o jogador e eterno “capitão” nunca deixou a sua Roma, onde se deu a conhecer e terminou a sua carreira, em 2017, após 25 temporadas na Serie A. Ainda assim, e embora se idealize a despedida dos nossos ídolos, o fim de carreira de Totti foi tudo menos bonito: o jogador antagonizou-se com o treinador Luciano Spalletti e admitiu, na sua biografia, que se sentiu forçado a abandonar o futebol. Também a série evidencia como, apesar de consciente de que se aproximava da despedida, o fenómeno italiano não saiu nos seus termos nem no seu tempo.

«Um Capitão» – que hoje, 16, fica disponível no Filmin.pt – é uma aposta com assinatura dos escritores de «Gomorra» e dos produtores de «The Young Pope», o que atesta à partida a sua qualidade e o seu potencial. Já os ingredientes “cozinhados” pela polémica biografia de Totti transformam a minissérie numa revelação inesperada: não só conhecemos melhor as origens de Totti, como o conflito torna a narrativa mais complexa, interessante e inesperada. Quase como um acesso à posteriori ao drama entre Totti e Spalletti, «Um Capitão» é uma minissérie não só à medida dos adeptos de futebol, mas também dos fãs de séries italianas. O estilo muito próprio já se tornou identidade, pelo que não surpreende o êxito alcançado pela série, lançada originalmente em março, em termos de visualizações.

Um Capitão

As biografias podem ser fun, e os dramas convivem bem com momentos cómicos e até alguma ironia, pelo que «Um Capitão» é um verdadeiro buffet seriólico, onde há um pouco de diferentes correntes, combinando tudo para uma imagem quase “familiar” de Totti, aqui interpretado por Pietro Castellitto. Não obstante, há um lado igualmente sério, nomeadamente com o acesso exclusivo a imagens do passado do jogador, que atestam um lado de maior credibilidade à trama, que quer ser tão fiel quanto possível ao trajeto, ainda que apele à criatividade para tornar a tensão ainda mais cativante.

«Um Capitão» não desilude. A série recria o jogador, o capitão, o mito e o ídolo; começa, aliás, por retratar o caso de um prisioneiro que quis sair 10 dias mais tarde para ter a oportunidade de ter uma fotografia com Totti. É esta a dimensão do homem para lá o homem: quando atinge tal estatuto que já não é simplesmente a sua individualidade, mas aquilo que representa para multidões. A estrela. E é no desafio de concentrar isso tudo na tela que está o desafio dos showrunners e, seguidamente, dos realizadores e do elenco: conter toda a grandeza da figura de Totti, ao mesmo tempo que mostram a sua dimensão mais “pequena” e desconhecida, no seio familiar e entre amigos ou colegas.

Um Capitão

O elenco conta com Gianmarco Tognazzi como Luciano Spalletti; Greta Scarano como a esposa Ilary Blasi; Monica Guerritore como a hilariante (e desesperante) mãe Fiorella Totti; e Massimo De Santis como Vito Scala, entre outros. Já entre os jogadores de então da Roma estão, por exemplo, Miralem Pjanić (Ascanio Balbo) e Daniele De Rossi (Marco Rossetti).

 

Texto originalmente publicado aqui

 

 

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