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Filthy Rich: projeto a solo de Kim Cattrall estreia na Disney+

De costas voltadas com a equipa de «O Sexo e a Cidade», Kim Cattrall protagonizou, em 2020, a comédia «Filthy Rich». Apesar de ter sido cancelada após uma temporada, a série vai estrear em Portugal pela mão do Disney+/Star.

Filthy Rich

Enquanto se estuda um possível regresso de «O Sexo e a Cidade», no qual a icónica Samantha (Kim Cattrall) já negou a sua participação, a atriz vai tentando um regresso aos tempos áureos na televisão. A verdade é que desde o final da série, que teve entretanto dois filmes (o último em 2010), Kim Cattrall não tem conseguido consolidar o seu lugar no pequeno ou no grande ecrã. Polémicas à parte, os projetos continuam a aparecer, e em plena discussão sobre o corte com o popular franchise, a atriz protagonizou a comédia «Filthy Rich». A série chega agora ao catálogo de streaming do Disney+, no âmbito da inclusão do Star.

É caso para dizer que vai pegar fogo. Mal a ação começa, vemos uma casa em chamas e Margaret Monreaux (Kim Cattrall) a sair plena. Como é que chegou a esse ponto? A narrativa recua quatro meses para nos explicar.

Margaret é um dos rostos de um popular canal religioso dos Estados Unidos, que tenta acompanhar as tendências e lançar-se no mundo digital, na celebração do seu 25.º aniversário. Com dois filhos e um marido, Eugene (Gerald McRaney), aparentemente perfeitos, a matriarca parece ter alcançado tudo o que ambicionava. Mas quando Eugene morre e descobre que ele deixou três filhos bastardos, que incluiu no testamento, Margaret vê-se como a protagonista de uma história que não quis escrever. Entre polémicas e chantagens, a empresária e apresentadora de TV tenta assegurar o negócio rentável, abdicando do mínimo possível.

Filthy Rich

Comédia declarada, mas com a junção de muito drama, «Filthy Rich» é uma trama leve e direta, que relata com ironia os bastidores polémicos da televangelização, tema que serviu de inspiração também a «The Righteous Gemstones», da HBO. Enquanto reza em direto e apregoa o bem, Margaret e companhia têm atitudes questionáveis no quotidiano, contornado através dos media e de jogadas arriscadas a ameaça ao seu estatuto de poder. No entanto, será que mesmo como rosto da Sunshine Network, Margaret vai ser capaz de escapar à narrativa de que o poder está sempre na mão dos homens?

Ginger (Melia Kreiling), Antonio (Benjamin Levy Aguilar) e Jason (Mark L. Young) são os filhos ilegítimos de Eugene, que até à hora da morte manteve a sua infidelidade. A primeira é a personagem mais completa, e a única que consegue fazer frente à postura imbatível de Margaret. Empresária de sucesso no mundo da pornografia em stream, a jovem simboliza tudo o que os acérrimos e religiosos fãs de Margaret desprezam, o que acaba por construir uma dualidade entre deus e o diabo, repleta de mensagens subliminares. Quem levará melhor neste duelo de titãs?

Filthy Rich

A vida de fachada dos Monreaux é desconstruída para o espectador ao longo de 10 episódios, mostrando que fazer campanha pela fé não é, necessariamente, sinal de boas práticas. A ação visita diversos lugares-comuns e clichés, mas é nos diálogos que pode conquistar a audiência. A linguagem, aparentemente simples e direta, esconde vários julgamentos intranarrativos, que funcionam como combustível do conflito, mas também como revelação do verdadeiro contexto. Não aquele que vemos, mas o que se esconde. Estamos perante uma comédia leve e com um grau de interesse médio, que atrai o público muito devido ao mistério que se procura resolver. Com várias storylines secundárias, «Filthy Rich» mantém sempre um nível médio-alto de suspense.

O elenco conta ainda com Aubrey Dollar, Corey Cott, Steve Harris, Olivia Macklin, Aaron Lazar, Aqueela Zoll e Rachel York, além da participação especial de Juliette Lewis.

 

Texto originalmente publicado aqui

 

 

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