Selftape: de irmã para irmã

O Filmin disponibiliza amanhã, 6, a série espanhola «Selftape». A aposta viaja entre a ficção e a realidade para criar o presente das irmãs Joana e Mireia Vilapuig.

Embora não seja um tema tão próximo do público português como é do espanhol, o caso das irmãs Joana e Mireia Vilapuig encontra paralelismos em qualquer nacionalidade. Depois do sucesso durante a infância e particularmente da série «Polseres Vermelles» [The Red Band Society], a dupla teve dificuldade em repercutir o sucesso numa carreira profissional sólida na idade adulta. Para ilustrar essa luta e, quem sabe, exorcizar alguns fantasmas, as atrizes desenvolveram «Selftape», uma viagem entre acontecimentos reais e imaginados (ou reimaginados) pelas suas protagonistas.

Em «Selftape», o compasso é feito a duas velocidades. Por um lado, a vida profissional em desgraça, com um impacto significativo nas expetativas da dupla, que parece combater uma força invisível que destrói todas as suas ambições. Por outro lado, também a vida pessoal e a relação de irmãs de Joana e Mireia passa pelas suas provações, com o reencontro inesperados após uma temporada de Mireia em Oslo. Quando tudo parece falhar, é à porta de Joana que ela vai bater.

É curioso o nome dado à série. O termo selftape é, habitualmente, aplicado aos vídeos que os atores fazem para serem testados para um filme, uma série ou uma campanha. O método, apesar de não ser novo, foi muito popularizado em altura de pandemia.

Com uma visão crua e íntima pela realidade e frustrações das personagens principais, a nova aposta do Filmin coloca o espectador próximo das ações e emoções da narrativa, quase como um elemento do grupo de amigos. Reparamos nos sinais em redor, na forma como o ambiente fica mais pesado, na destruição progressiva no rosto das personagens. Como uma balada, ora lenta ora rápida, Joana e Mireia vivem um carrossel de sensações e desafios. Podem não ser complexos, mas exigem delas uma resposta que não sabem se têm forças para dar. Uma série humana, desprendida e honesta, que serve de testemunho à experiência, dura, por que ambas passaram.

A série conta ainda com a participação de nomes como Marc Ribera, Miquel Sitjar, Elisabeth Bonjour, Gary Anthony Stennette e Pablo Derqui, entre outros.

 

Texto originalmente publicado aqui

 

Sara Quelhas

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