Stranger Things: sangue, suor e lágrimas
A Netflix estreia amanhã a primeira parte da quarta temporada de «Stranger Things». Depois de uma storyline exigente, os nossos heróis preparam-se para enfrentar a ameaça mais perigosa até ao momento: Vecna.
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Muita coisa mudou desde que chegámos a Hawkins, em 2016. As personagens são agora um pouco mais “adultas”, os adolescentes outrora mais ingénuos e inocentes revelam-se mais complexos e maduros, tanto a nível de personalidade, e das exigências do secundário, quanto da forma como foram afetados por todos os confrontos e perdas em «Stranger Things». Para piorar, no rescaldo do último confronto com desfecho mortal, Eleven (Millie Bobby Brown), Joyce (Winona Ryder), Will (Noah Schnapp) e Jonathan (Charlie Heaton) mudaram-se para Lenora, mas a promessa de uma vida mais tranquila depressa se revela apenas mais uma ilusão.
A quarta temporada de «Stranger Things» é quase uma experiência cinematográfica. Os episódios são mais longos do que o habitual, mostrando alguma cautela dos irmãos Duffer em não prejudicar a coerência da ação com narrativas express e mal conseguidas. Tal acaba por beneficiar o argumento, menos concentrado e, assim, mais explícito e coerente para a audiência. Um fator diferenciador em relação às temporadas anteriores, que procura fortalecer uma narrativa tendencialmente mais lenta e com uma componente social – e exterior ao fio condutor – muito forte; que acaba por desvendar novas caraterísticas das personagens que julgávamos já conhecer na sua quase totalidade.
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Já no que diz respeito ao conflito, Vecna altera por completo as regras do jogo, e apresenta às personagens um desafio como nenhum outro. Com cadáveres a acumularem-se em Hawkins e com vários rostos conhecidos e desconhecidos em perigo, haverá alguém capaz de travar o demónio sobre o qual pouco ou nada ainda se sabe? Será Eleven capaz de enfrentar de novo o pesadelo, cara a cara? E será que a união do grupo vai ter a capacidade de fazer a força novamente? Uma coisa é certa: algumas respostas só vão chegar dia 1 de julho, com os últimos dois episódios desta temporada.
As personagens centrais distribuem-se por vários núcleos e, apesar de aparentemente caminharem todas na mesma direção, os desafios que vão enfrentando são variáveis – até ao longo da temporada. Enquanto uns procuram popularidade ou aceitação, outros tentam sobreviver ou escapar à morte certa. Uma temporada completa, que atravessa várias subáreas da narrativa e coloca alguma ordem na lógica por detrás do mistério em torno de Hawkins. Para tal muito contribuem flashbacks, pensamentos das personagens e novas apresentações de temas que se pensavam fechados. Mas há mais para desenvolver na série da Netflix.
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Como a Comic Con Portugal prova, «Stranger Things» é também uma série familiar, vista por pais e filhos, muitos deles bem novos. É, portanto, ainda mais importante apresentar como um dos temas centrais da nova temporada o bullying, e a forma como este pode acontecer a qualquer jovem, sendo uma condicionante sufocante e com potencial, até, para violência. Não obstante, a homenagem à filmografia dos anos 80, agora cada vez mais próximo dos 90, com a temporada mais sangrenta até à data, os criadores não se esquecem que esta também é uma série de, e para, adolescentes. E há mensagens que importa, cada vez mais, passar.
Texto originalmente publicado aqui