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Stranger Things: sangue, suor e lágrimas

A Netflix estreia amanhã a primeira parte da quarta temporada de «Stranger Things». Depois de uma storyline exigente, os nossos heróis preparam-se para enfrentar a ameaça mais perigosa até ao momento: Vecna.

Stranger Things
STRANGER THINGS (L to R) Gaten Matarazzo as Dustin Henderson, Finn Wolfhard as Mike Wheeler and Sadie Sink as Max Mayfield in STRANGER THINGS. Cr. Courtesy of Netflix © 2022

Muita coisa mudou desde que chegámos a Hawkins, em 2016. As personagens são agora um pouco mais “adultas”, os adolescentes outrora mais ingénuos e inocentes revelam-se mais complexos e maduros, tanto a nível de personalidade, e das exigências do secundário, quanto da forma como foram afetados por todos os confrontos e perdas em «Stranger Things». Para piorar, no rescaldo do último confronto com desfecho mortal, Eleven (Millie Bobby Brown), Joyce (Winona Ryder), Will (Noah Schnapp) e Jonathan (Charlie Heaton) mudaram-se para Lenora, mas a promessa de uma vida mais tranquila depressa se revela apenas mais uma ilusão.

A quarta temporada de «Stranger Things» é quase uma experiência cinematográfica. Os episódios são mais longos do que o habitual, mostrando alguma cautela dos irmãos Duffer em não prejudicar a coerência da ação com narrativas express e mal conseguidas. Tal acaba por beneficiar o argumento, menos concentrado e, assim, mais explícito e coerente para a audiência. Um fator diferenciador em relação às temporadas anteriores, que procura fortalecer uma narrativa tendencialmente mais lenta e com uma componente social – e exterior ao fio condutor – muito forte; que acaba por desvendar novas caraterísticas das personagens que julgávamos já conhecer na sua quase totalidade.

Stranger Things
STRANGER THINGS Winona Ryder as Joyce Byers in STRANGER THINGS. Cr. Courtesy of Netflix © 2022

Já no que diz respeito ao conflito, Vecna altera por completo as regras do jogo, e apresenta às personagens um desafio como nenhum outro. Com cadáveres a acumularem-se em Hawkins e com vários rostos conhecidos e desconhecidos em perigo, haverá alguém capaz de travar o demónio sobre o qual pouco ou nada ainda se sabe? Será Eleven capaz de enfrentar de novo o pesadelo, cara a cara? E será que a união do grupo vai ter a capacidade de fazer a força novamente? Uma coisa é certa: algumas respostas só vão chegar dia 1 de julho, com os últimos dois episódios desta temporada.

As personagens centrais distribuem-se por vários núcleos e, apesar de aparentemente caminharem todas na mesma direção, os desafios que vão enfrentando são variáveis – até ao longo da temporada. Enquanto uns procuram popularidade ou aceitação, outros tentam sobreviver ou escapar à morte certa. Uma temporada completa, que atravessa várias subáreas da narrativa e coloca alguma ordem na lógica por detrás do mistério em torno de Hawkins. Para tal muito contribuem flashbacks, pensamentos das personagens e novas apresentações de temas que se pensavam fechados. Mas há mais para desenvolver na série da Netflix.

Stranger Things
STRANGER THINGS. (L to R) Gaten Matarazzo as Dustin Henderson, Maya Hawke as Robin Buckley, Sadie Sink as Max Mayfield, and Joe Keery as Steve Harrington in STRANGER THINGS. Cr. Courtesy of Netflix © 2022

Como a Comic Con Portugal prova, «Stranger Things» é também uma série familiar, vista por pais e filhos, muitos deles bem novos. É, portanto, ainda mais importante apresentar como um dos temas centrais da nova temporada o bullying, e a forma como este pode acontecer a qualquer jovem, sendo uma condicionante sufocante e com potencial, até, para violência. Não obstante, a homenagem à filmografia dos anos 80, agora cada vez mais próximo dos 90, com a temporada mais sangrenta até à data, os criadores não se esquecem que esta também é uma série de, e para, adolescentes. E há mensagens que importa, cada vez mais, passar.

 

Texto originalmente publicado aqui

 

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