Grease: Rise of the Pink Ladies|Grease é a Palavra Outra Vez

O SkyShowtime disponibilizou em Portugal a série «Grease: Rise of the Pink Ladies», uma prequela do filme musical de 1978, protagonizado então por John Travolta e Olivia Newton John.

Quando uma miúda tímida e o rapaz mais popular da escola se envolvem no verão, a relação parece condenada a terminar, mais ou menos como acontece na história original. Contudo, Buddy (Jason Schmidt) surpreende Jane (Marisa Davila) ao dizer-lhe que não quer terminar a relação, mas sim torná-la oficial; só que os dias de sonho de Jane têm os dias contados. Envolvida num boato após uma sessão de cinema, com estudantes espalhados por vários carros, a jovem tem de lidar com as repercussões da sua nova fama na escola e na vida familiar. Estão lançadas as cartas para a “Ascensão das Pink Ladies“!

Ao criar uma premissa diferente do filme original, «Grease: Rise of the Pink Ladies» usa um escudo de defesa que lhe vai ser muito útil ao longo da temporada. A série do SkyShowtime não quer imitar o sucesso do musical, mas antes homenageá-lo através de novas personagens, mais modernas, que têm direito à sua própria voz e história. Uma escolha sensata, e que é competente dentro do que promete à audiência. Embora apresentada como prequela, no sentido em que as Pink Ladies eram parte integral do filme, afasta, para já, a ideia de se agarrar ao conforto da longa-metragem.

Um conjunto de jovens raparigas que não pertencem a lado nenhum provam, uma vez mais, que a união pode mesmo fazer a força e formam as Pink Ladies, com direito a indumentária e tudo, tal como acontece com os grupos de rapazes populares da escola. À procura do seu espaço numa realidade que tantas vezes lho tira, o grupo tenta mudar a dinâmica dos estudantes e conquistar, com outros outsiders, o controlo das suas próprias vidas. Mas será que vão conseguir?

Cynthia (Ari Notartomaso), tantas vezes rejeitada pelos amigos rapazes como parte do seu grupo; Nancy (Tricia Fukuhara), trocada pelas amigas que arranjaram namorados e a típica antissocial; Olivia (Cheyenne Isabel Wells), hispânica que se viu envolvida num rumor escandaloso alguns meses antes; e Jane formam o novo quarteto, à boleia de muitas tragédias, músicas… e rabos. Uma história interessante q.b., com momentos cómicos e musicais, que visam estabelecer uma relação de proximidade com as personagens icónicas de «Brilhantina» (1978), sendo uma procura ativa do argumento, que poderá, no futuro, recuperar algumas das figuras mais memoráveis do filme.

«Grease: Rise of the Pink Ladies» não vai agradar a todos, nem necessariamente aos fãs do filme. Deve ser vista como uma narrativa diferente, ainda que com várias coisas em comum, nomeadamente as Pink Ladies. Mais comparável com apostas como «High School Musical – The Series», a série parte à descoberta da adolescência dos anos 50, mais precisamente 1954, quatro anos antes dos acontecimentos da longa-metragem.

 

Texto originalmente publicado aqui

 

Sara Quelhas

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