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White House Plumbers: as “fugas” de Watergate

A HBO Max estreia amanhã, 2 de maio, a série «White House Plumbers», baseada no escândalo Watergate e, mais concretamente, em dois dos principais responsáveis: E. Howard Hunt e G. Gordon Liddy.

Woody Harrelson e Justin Theroux dão vida, respetivamente, a E. Howard Hunt (ex-CIA) e G. Gordon Liddy (ex-FBI), duas das figuras mais envolvidas no Caso Watergate, um dos escândalos políticos mais conhecidos. O impacto na vida política norte-americana seria tão forte que, em 1974, o então Presidente Richard Nixon acabaria mesmo por ser retirado do poder. A polémica já motivou um sem-fim de obras literárias, filmes e séries, cardápio ao qual se junta agora «White House Plumbers».

Hunt e Liddy são reunidos na Casa Branca com uma missão, teoricamente, simples: travar o caos mediático provocado pelos Pentagon Papers, um conjunto de documentos que relatavam as polémicas e falhanços por detrás da Guerra do Vietname. Apesar da bizarria e falta de jeito geral demonstrada pela dupla nesta missão, a verdade é que acaba por ser incumbida de garantir, através dos meios necessários, a reeleição de Nixon. Os “canalizadores” [plumbers] devem tratar das “fugas”, nomeadamente comprometer a oposição através de escutas e meios ilícitos, que lhes dê uma vantagem clara na corrida às urnas.

Entre o humor e a comédia, «White House Plumbers» explora o lado mais caricatural do caminho até Watergate, que resultaria num dos escândalos políticos mais sonantes de sempre. Com um suposto patriotismo e ideias mirabolantes, Hunt e Liddy tentam apanhar os Democratas em falso, numa verdadeira “caça às bruxas” contra opositores políticos e a “imprensa liberal”. No entanto, o arranque da série faz-nos logo esperar o pior: antes da derradeira entrada em Watergate, houve um conjunto de tentativas falhadas… pelo menos uma deles por não terem as ferramentas certas. O caso, embora real, atinge um ponto de comédia trágica que parece próprio da ficção.

A série explora ainda o lado pessoal de ambos, menos “belo”, com principal foco nas mulheres, Dorothy Hunt (Lena Headey) e Fran Liddy (Judy Greer), mas também na dinâmica caseira de ambas as famílias. O elenco é uma das principais forças da narrativa, com um grupo de nomes fortes e um argumento competente; ainda que, pela lista extensa de adaptações, não seja de esperar grandes surpresas. Um caso que, mesmo à distância, continua a parecer demasiado bizarro para ser verdade. Não pela corrupção política, mas pelos contornos e pelo investimento que houve numa dupla claramente incompetente.

No elenco encontramos ainda Yul Vazquez, Ike Barinholtz, Kim Coates, Tony Plana, Kathleen Turner, Kiernan Shipka, Domhnall Gleeson, Marc Menchaca e John Carroll Lynch, entre outros.

 

Texto originalmente publicado aqui

 

Sara Quelhas

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