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Dirty John: o caso de Betty Broderick

Após uma estreia bem conseguida, «Dirty John: The Betty Broderick Story» marca o regresso da antologia à Netflix, desta feita com menos pressão. A segunda temporada já está disponível na sua totalidade.

Dirty John: O caso de Betty Broderick

Amanda Peet (O Amor Está no Ar, Togetherness) é a estrela mais brilhante na nova incursão de «Dirty John» no catálogo da Netflix Portugal, agora com um divórcio que virou homicídio. «Dirty John: The Betty Broderick Story» recupera um caso infame e muito conhecido nos Estados Unidos: o fatídico assassinato de Dan Broderick (aqui interpretado por Christian Slater), no final da década de 80. Destroçada pelo fim do seu casamento, Betty Broderick vai acumulando comportamentos desviantes, até matar a tiro o ex-marido e a sua nova mulher.

Ainda atrás das grades ao dia de hoje, Betty vê a sua história chegar a um público mais vasto, com uma boa dose de drama à medida do que a criadora Alexandra Cunningham já nos habituou. Mais uma vez, a ficção e a realidade misturam-se para dar força às personagens e providenciar uma maior reação do espectador. Também o tempo, entre flashbacks e avanços, é manipulado em função da narrativa e da emoção que esta procura despertar (e preparar).

Dirty John: O caso de Betty Broderick

Não obstante, o caminho da season 2 foi mais fácil do que a narrativa de estreia. É que, desta vez, Cunningham não tem a pressão de um podcast de popularidade estratosférica. A história do “Dirty John” John Meehan, que inspirou a season 1, estabeleceu-se primeiro num podcast que contou com mais de 50 milhões de downloads. É certo que a s2 teve direito a programa de lançamento, mas este esteve bem longe de atingir a mesma audiência e as expetativas foram, consequentemente, menos exigentes.

 

Amanda Peet: o papel de uma vida

Praticamente irreconhecível como Betty Broderick, Amanda Peet descola-se completamente na série de antologia de uma carreira marcada pela comédia. Com quase 70 créditos totalizados no IMDb, os seus papéis mais emblemáticos surgem muitas vezes associados ao fator cómico. A atriz, casada com um dos criadores de «Game of Thrones», chama as atenções todas para a sua prestação. Da fase risonha à fase maníaca, Peet responde ao que a personagem de si exige, deixando adivinhar desde cedo a instabilidade interior da assassina.

Dirty John: O caso de Betty Broderick

Ao seu lado tem o talentoso Christian Slater (Mr. Robot), na pele do seu ex-marido, um advogado meticuloso cujo jogo viciado leva Betty à loucura. Ao invés de estabelecer uma relação de vítima/culpada, a série da Netflix torna a conversa mais complexa e constrói Dan com um caráter muito duvidoso. Mais do que focada num homicídio, «Dirty John: The Betty Broderick Story» testa os limites do divórcio e o combate desleal que se cria entre duas pessoas de vontades diferentes. Um argumento quase “novelístico” que se engrandece com dois atores sublimes.

O elenco integra ainda nomes como Rachel Keller, Michael Rispoli, Missi Pyle e Andy Buckley.

 

Texto originalmente publicado aqui

 

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