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O caso Atlanta’s Missing and Murdered: The Lost Children

Sai amanhã, na HBO Portugal, o primeiro episódio do documentário «Atlanta’s Missing and Murdered: The Lost Children». A série ilustra um dos casos mais obscuros da história dos Estados Unidos: pelo menos 28 pessoas (na sua maioria crianças/adolescentes) morreram entre 1979 e 1981. O caso já tinha sido abordado na segunda temporada de «Mindhunter», ainda que de forma menos aprofundada.

Atlanta’s Missing and Murdered: The Lost Children

Os documentários de crime têm batido recordes de audiência nos serviços de streaming, pelo que não é de estranhar que a aposta se mantenha. «Atlanta’s Missing and Murdered: The Lost Children» vai ao encontro desta tendência, ao mesmo tempo que se afasta do sensacionalismo e aposta numa reportagem tão direta quanto possível dos crimes horrendos que tiveram lugar em Atlanta no final da década de 70/início da de 80. Mais do que a suposta inocência ou não de Wayne Williams, atualmente com 61 anos, há uma procura consciente e em andamento que procura fechar muitos casos deixados em aberto.

A ânsia de resolver os homicídios era grande, pelo que as culpas caíram em Williams e pouco mais se tentou saber. Os crimes do género pareceram desaparecer e tudo estava bem por Atlanta. Só que não estava. «Atlanta’s Missing and Murdered: The Lost Children» é um testemunho em imagens de como o presente tenta fazer as pazes com o passado da localidade. Ao mesmo tempo, há uma clarificação dos diferentes acontecimentos, com várias entrevistas aos familiares das crianças desaparecidas.

Atlanta’s Missing and Murdered: The Lost Children

A série não é recomendável a toda a gente. Há fotografias de cadáveres, comentários explícitos e um discurso direto que não será digerível por toda a audiência. Tal não retira a qualidade narrativa, investigativa e fundamentada da aposta da HBO, mas limita (parcialmente) o número de pessoas que irá assistir à mesma. Para os habituais espectadores de séries deste género, é uma abordagem diferente e menos evocativa de falsas condenações. Não é possível dizer com toda a certeza que Williams não tem culpas no cartório; mas também não é possível dizer, com toda a segurança, que tem.

Uma visão bastante interessante de Atlanta, vista por muitos como um oásis da cultura afro-americana nos Estados Unidos, tendo possibilitado oportunidades justas numa altura em que tal parecia um sonho distante. Mas também o berço dos crimes infantis mais desprezíveis do último século. Um documentário que é também uma “aula” de História e de análise ao comportamento político e jornalístico dos anos 70-80.


Texto originalmente publicado na Metropolis.

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