The English: western “pipoca” com Emily Blunt
Em Portugal, a série «The English» está disponível na HBO Max. O western moderno tem Emily Blunt como a sua principal estrela, marcando também a sua estreia como produtora executiva.
Duas figuras aparentemente muito diferentes cruzam-se na narrativa de «The English» e, contra todas as expetativas (ainda que denunciadas pela premissa), acabam por formar uma parceria. Cornelia Locke (Emily Blunt) é uma mulher inglesa à deriva por terra desconhecidas, em busca de vingança do homem que terá sido responsável pela morte do seu filho; já Eli Whipp (Chaske Spencer) é um nativo-americano que mudou o seu lado no confronto e, como tal, não é bem recebido nem por índios, que o veem como traidor, nem por americanos, que não o reconhecem como um dos seus.
A premissa de «The English» é interessante, ainda que demasiado romanceada para quem não for fã de apostas do género. Cornelia é, além de protagonista, colocada como a narradora, encurtando a pouca possibilidade de surpresas que existiria desde início. O cliché é apresentado nos primeiros segundos e, assim, não há espaço para o espectador testemunhar grandes twists, mas apenas aproveitar a viagem.
A fotografia do western é de alto nível, procurando dar um upgrade visual às obras que o antecederam e lhe servem como inspiração, embora possa parecer, a espaços, um pouco artificial. Além do choque entre forças, a série depende muito da motivação das suas personagens que, embora se movam inicialmente em direções opostas, encontram pontos em comum. A falta de sentimento de pertença, a ameaça constante e a “pequenez” perante a força bruta dos opositores são apenas alguns exemplos da forma como as fraquezas de Cornelia e Eli são expostas. Mas nada de dar a batalha por perdida.
Sem particular profundidade ou inovação, «The English» entrega exatamente aquilo que promete: uma trama romanceada, com momentos de ação bem conseguidos, que privilegia quase sempre o conceito ao invés da ação. A qualidade é reforçada por outras participações na série, como é o caso de Tom Hughes, Stephen Rea, Rafe Spall, Ciarán Hinds e Toby Jones, entre outros. Esta é uma criação de Hugo Blick (The Honourable Woman, The Shadow Line), que também realiza. Não se trata de uma história baseada em factos reais, mas apenas uma inspiração daquela que terá sido a vida dos membros da tribo nativa Pawnee.
Texto originalmente publicado aqui