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S.W.A.T.: Shemar Moore quis dar o salto, mas ficou no mesmo sítio

Replicar o sucesso do filme de 2003 será, para já, utópico. «S.W.A.T.», a série, tem uma narrativa mais fluída e menos interessante, encabeçada pelo ator Shemar Moore que, há pouco mais de um ano, saiu de «Mentes Criminosas», onde estava desde 2005, por iniciativa própria. «S.W.A.T.», também da CBS, estreia esta madrugada nos Estados Unidos e dia 27 de novembro no AXN — eu já vi o primeiro episódio e digo-vos o que podem esperar.

S.W.A.T.

Mãos ao ar! Há mais uma série criminal pronta a invadir o horário nobre da televisão portuguesa e a deter-nos em frente ao ecrã. «S.W.A.T.», que estreia nos Estados Unidos na madrugada de 2 para 3 de novembro, chega à antena do AXN Portugal daqui a algumas semanas, a 27. A nova série da CBS é uma reinvenção do filme «S.W.A.T. — Força de Intervenção», de 2003, que, por sua vez, foi inspirado pela série «S.W.A.T.», exibida entre 1975 e 1976, que era um spin-off de «The Rookies», estreada em 1972. Se achamos que «S.W.A.T.» não nos vai trazer nada de novo, depois de vermos o primeiro episódio temos a certeza disso.

Mas os bastidores desta série escrevem-se à custa de algum drama e, até, com uma dose de mistério que se arrisca a ser mais aliciante do que a da própria série. Shemar Moore foi escolhido em 2005 para interpretar o agente Derek Morgan de «Mentes Criminosas», mas, após 10 temporadas, informou os responsáveis de que queria sair e abraçar novos projetos no cinema. No entanto, tirando a polémica da praxe nas redes sociais, a espaços, não ouvimos falar do ator nos meses que se seguiram à sua saída — parcialmente abafada pela polémica que envolveu o despedimento de Thomas Gibson (o Hotch da série), que terá pontapeado um dos produtores executivos. Contrariando as perspetivas mais otimistas, foi anunciado que Shemar iria regressar no mesmo canal, a CBS, e novamente como figura da autoridade — apenas trocava a farda do FBI pela da SWAT. Não houve nenhuma oferta atrativa no cinema? A oportunidade foi ao encontro do que procurava? Ou foi tudo uma questão de ego?

S.W.A.T.

Shemar deixou de dividir o protagonismo com seis ou sete atores e é, assumidamente, o rosto principal de «S.W.A.T.». Ironicamente, a sua personagem, Daniel ‘Hondo’ Harrelson, consegue em minutos aquilo que Morgan não alcançou em 11 temporadas: uma promoção e, por conseguinte, a liderança (definitva). Após o seu mentor Buck (Louis Ferreira) ser despedido na sequência de um escândalo racial, o chefe ignora a hierarquia e aponta Hondo ao papel principal, deixando Deacon (Jay Harrington) visivelmente descontente.

Com os dramas românticos do costume como pano de fundo, a narrativa vai preparando o conflito para os próximos episódios: Hondo tem de decidir o que é mais importante para ele, a sua profissão ou o bairro onde nasceu. Numa espécie de alegoria dos problemas raciais que marcam frequentemente a atualidade noticiosa, «S.W.A.T.» centra a sua premissa em Hondo pela sua cor de pele ao invés das suas capacidades, numa consequência que é uma crítica à sociedade em que vivemos. A igualdade de oportunidades não passa de um teatro — e cabe a Hondo escolher ser o herói ou o vilão.

S.W.A.T.

Pode assumir-se que «S.W.A.T.» é uma caricatura do seu passado — da série e de Shemar —, ao jeito do que já foi feito com séries como «Hora de Ponta» ou «Arma Mortífera». Ainda assim, falta perceber se será mais semelhante à primeira — que foi rapidamente cancelada — ou se conseguirá imitar o sucesso da segunda. Shemar Moore não quererá, certamente, partilhar o azar de Katherine Heigl, que pouca sorte tem tido, sobretudo no pequeno ecrã, desde que saiu de «Anatomia de Grey». Vale-lhe ter saído a ‘bem’, o que até tem permitido alguns regressos muito breves a «Mentes Criminosas», e vai dando para publicitar a série.

 

Texto originalmente publicado na Metropolis número 54.

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