Stranger Things: um novo (e igualmente assustador) “1984”

Monstros, ‘putos’ com talento e uma carta de amor exacerbante aos anos 80. E aos filmes dessa década mágica que alimentaram a nossa imaginação. «Stranger Things» é isto, e muito mais. Uma das melhores séries de 2016 regressa (finalmente!) esta sexta-feira, 27, à Netflix.

“Darkness falls across the land/The midnight hour is close at hand/Creatures crawl in search of blood/To terrorize y’all’s neighborhood” [Thriller, Michael Jackson, 1982 — usada no primeiro trailer da segunda temporada de «Stranger Things»].

Os anos 80 carregam consigo uma dose absurda de fascínio e melancolia. Foi a década em que regressámos ao futuro, caçámos fantasmas, Elliott encontrou o extraterrestre, Harrison Ford consolidou o estatuto de durão (e sex symbol) — eternizado como Deckard, Indiana Jones e Han Solo — e se lançaram filmes de culto como «Shining» (1980), «Pesadelo em Elm Street» (1984), «O Clube» (1985) e «A Princesa Prometida» (1987). Foi também a época em que testemunhámos o nascimento das sagas Die Hard, Exterminador Implacável e Karaté Kid, e vimos Michael Jackson chamar o ‘moonwalk‘ de seu em palco e na televisão. Totalmente enfeitiçados por esta década, os irmãos Duffer escreveram-lhe uma carta de amor épica em «Stranger Things» e nós — os ‘geeks’, os bebés dos anos 80, os saudosistas, os ‘papa-maratonas’, ou os (apenas) curiosos — fomos atrás.

Os gémeos e criadores Matt e Ross Duffer revisitam, na segunda temporada de «Stranger Things», que estreia a 27 de outubro, o ano em que nasceram, 1984. No entanto, pelo menos no mundo da ficção, é crónico que a viagem a este ano nunca é fácil: foi ele que inspirou a distopia — controlada pelo ‘Big Brother‘ — 1984, que George Orwell escreveu em 1949; e foi nesse ano que Margaret Atwood, assombrada pela Berlim destruída pela guerra e separada pelo muro, escreveu O Conto da Aia, que seria publicado em 1985 – e que deu origem à série «The Handmaid’s Tale», a mais premiada nos Emmys de setembro. A julgar pelo final da temporada passada de «Stranger Things» e pelos trailers já divulgados, não se adivinha melhor sorte para os habitantes da ficcionalizada Hawkins, no estado da Geórgia.

Renovada já para uma terceira temporada, a série da Netflix deverá terminar, segundo os próprios criadores, na quarta. Mas o conforto de não terem de lutar pela renovação não deu, ainda assim, descanso às personagens. Sabemos o que fizeram no verão passado, mas, com o Halloween — e o desconhecido — à porta, ninguém está a salvo do Demogorgon e companhia — e os dois trailers divulgados só abriram ainda mais o apetite. Do tabuleiro para o ‘Dragon’s Lair’, de 1983, das incontornáveis máquinas de jogos arcade, Will (Noah Schnapp), Mike (Finn Wolfhard), Dustin (Gaten Matarazzo) e Lucas (Caleb McLaughlin) têm pela frente um novo monstro, com Will a manter uma indesejável ligação direta ao ‘Upside Down’. Assim, tal como aconteceu em 2016, mal as personagens de «Stranger Things» se aproximam do pequeno ecrã, o hype trata do resto.

O artigo poderá ser lido, na sua totalidade, na edição número 54 da Metropolis.

Sara Quelhas

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