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Star Trek: Voyager, Samafs explora o Espaço

Aye, o meu nome é Samafs e sou a Capitã da U.S.S. Trekflix, quem é como quem diz: tenho uma nave onde exploro séries e filmes neste universo e a partir da qual vos escrevo sobre o que podem encontrar em cada mundo televisivo ou cinematográfico que visito. Hoje é «Star Trek: Voyager».

Perder-se pelo espaço nunca foi tão divertido (e desafiante!).

Durante 7 temporadas, de 1995 a 2001, Star Trek: Voyager viajou pelo quadrante delta, cerca de 70,000 anos luz (75 anos), de regresso a casa. É uma longa viagem, principalmente não sendo intencional — durante uma missão em busca de uma nave Maquis (organização paramilitar e grupo terrorista nos termos da Federação), a nave Voyager entra numa perigosa zona do espaço e, durante essa altura, é transportada juntamente com a nave Maquis para a zona da via láctea menos explorada pela Frota Estrelar, a uma vida de distância de casa e sem saber o que irá encontrar pelo caminho. Mas a Frota Estrelar não seria a Frota Estrelar se apenas quisesse regressar sem explorar, finalmente, o quadrante delta, certo? E é aqui que a viagem começa a ficar interessante.

Inimizades tornam-se companheiras de viagem e, eventualmente, amizades. Para regressar a casa, tanto a U.S.S. Voyager como a nave Maquis terão que trabalhar em conjunto — e é isso que acaba por acontecer. Mas até aqui nada de extraordinário, não é? Então vamos falar no que diferencia Star Trek: Voyager de toda a franquia Star Trek e de outras séries do género.

Primeiro, e isto é importante, lembrem-se que a série existiu na segunda metade dos anos 90 até 2001. É importante reiterar isto porque é importante dizer: A Capitã da U.S.S. Voyager é uma mulher. Não apenas é a primeira mulher ao comando de uma nave na franquia Star Trek como é uma mulher a liderar um elenco nos anos 90. O nome é Kathryn Janeway e é interpretada por Kate Mulgrew (sim, a Red de Orange is The New Black!). A sua liderança jamais é questionada, as decisões são difíceis, mas são tomadas e as suas características, enquanto capitã e enquanto pessoa, não são masculinizadas para ter de ser levada a sério.

E não, não foi nenhum favor de representatividade que o universo nos fez, porque a importante e interessante presença feminina não se fica pela Capitã: há mulheres em cargos de comando, tanto na nave como no universo, e personagens que são mulheres muito interessantes ao longo da viagem e que nos ajudam a explorar os mais variados assuntos através de um ponto de vista totalmente novo e completamente válido (e especialmente se mentalmente regressarmos aos anos 90). E por “variados assuntos” quero dizer mesmo tudo o que se pode querer ou se deve reflectir e debater em termos sociais, mentais, emocionais e até espirituais. Ao estilo dos procedurais — um episódio, uma história — a série explora, metafórica ou literalmente, assuntos como a escolha de ter ou não ter filhos, a violência na infância, crenças, sexualidade (feminina, até. E sem vergonha!), manipulação genética, questões psicológicas, (pós-)morte, crimes de guerra, direitos humanos, dualidade no que somos e no que fazemos e tudo o que a vida tem para reflectir se soubermos ver mais além de nós e do imediato. Não é apenas ficção científica, é filosofia acima de tudo.

Star Trek: Voyager é, sem dúvida, a mais feminista de todas as séries da franquia e uma das mais feministas da altura (qualquer dia falaremos de Buffy e de Xena). E, por isso mesmo, é também a mais odiada. Mas enganem-se se acham que isso dita a qualidade da série. Pelo contrário e é por isso que a recomendo (mesmo para quem nunca viu Star Trek noutra vertente). Mesmo num universo como este onde a utopia está na inclusão de toda a gente, é difícil pedir que se aceite várias mulheres no comando sem questionar a sua liderança (pelo menos sem o fazer por motivos de género). E é por isso que ninguém pediu nada, a U.S.S. Voyager chegou, explorou e continuou durante 7 anos num universo de críticas para se tornar um clássico televisivo que merece ser explorado.

 

Mafs

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