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Physical: anos 80 e aeróbica à conquista do streaming

Rose Byrne é a protagonista de «Physical», a nova série do Apple TV+, que retrata as aventuras de uma dona de casa amargurada, que descobre uma nova razão de viver na aeróbica. Os três primeiros episódios ficam disponíveis hoje.

Physical

Sheila (Rose Byrne) é uma dona de casa infeliz, que divide o seu dia entre o cuidado do marido Danny (Rory Scovel) e da filha Maya (Grace Kelly Quigley) com uma sucessão de “pecados” que guarda em segredo. A sua voz introspetiva bem lhe diz para levar uma vida saudável e evoluída, mas sempre que acaba num quarto de hotel a devorar demasiados hambúrgueres, o ciclo repete-se. No entanto, tudo muda quando descobre as aulas de aeróbica de Bunny (Della Saba) no shopping.

Mas vamos por partes. Em primeiro lugar, a vida familiar de Sheila perdeu a adrenalina de outros tempos. O marido, agora desempregado, é um falso idealista que tenta recuperar algumas lutas do passado para realização pessoal; e se aproveita dos inputs da mulher, sem lhe dar o devido crédito. Por sua vez, o consumismo que se alastra como um cancro causa uma revolução social genérica, perante as construções sem fim de John Breem (Paul Sparks), que tem engolido os negócios locais. Para fechar este triângulo destinado ao sucesso – pelo menos para agarrar a audiência –, a aeróbica: uma das modas mais populares nos anos 80, nomeadamente graças à popularidade atingida pelo vídeo. Jane Fonda é, aliás, um dos nomes incontornáveis.

Physical

A jornada épica, e improvável, de uma dona de casa estagnada conta-se pela visão da showrunner Annie Weisman (Donas de Casa Desesperadas, Era uma Vez um Rapaz) e da lente, por exemplo, de Craig Gillespie (Eu, Tonya). Mas grande parte do mérito deverá ir para Rose Byrne que, mais colada a comédias como «A Melhor Despedida de Solteira» (2011) e «Má Vizinhança» (2014), tem a capacidade de equilibrar, com destreza, o drama e a comédia de «Physical».

Com episódios de cerca de meia hora, «Physical» é uma narrativa que se quer leve e direta, mas que nem por isso perde a sua capacidade de se reinventar através de storylines secundárias, como as de Greta (Dierdre Friel) e Tyler (Lou Taylor Pucci). As personagens de segunda linha permitem que Sheila demonstre mais lados da sua personalidade, nem sempre bonitos. Pelo acesso direto aos pensamentos mais profundos e obscuros de Sheila, é possível perceber que algo está em falta na vida da dona de casa, que “arranha” uma oportunidade inesperada no mundo da aeróbica, então ainda uma prática underground.

 

Texto originalmente publicado aqui

 

 

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