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Pearson: um novo habitat para a mulher-forte de Suits

Uma das personagens mais populares de «Defesa à Medida», Jessica Pearson, ganhou uma série em nome próprio. «Pearson» estreia em Portugal no TVSéries, a 27 de julho. Texto publicado também na Metropolis.

Pearson

Na série da entretanto duquesa Meghan Markle, Gina Torres era a rainha. A sua personagem, Jessica Pearson, era a mulher que mandava num mundo de homens, onde Harvey (Gabriel Macht) e Mike (Patrick J. Adams) eram os protagonistas. Como tal, numa altura prolífera em spin-offs, em que o final de uma série popular é raramente o final definitivo, não é de estranhar que o USA Network tenha apostado em Gina Torres para estrelar o legado de «Defesa à Medida» [Suits, no original]. Em Portugal, «Pearson» acompanha a emissão da 9ª e última temporada da série original, no TVSéries.

O lançamento da premissa aconteceu em 2018, com o último episódio da sétima temporada a contar com Jessica Pearson e outras personagens que agora reencontramos em «Pearson». Ironicamente, a sua maior opositora, Keri Allen, que à data foi interpretada por Rebecca Rittenhouse, foi substituída e é agora interpretada por Bethany Joy Lenz («One Tree Hill»). Responsável por Jessica ter ficado sem licença para exercer advocacia, Keri é também o rosto da lei na Câmara de Chicago, que a ex-advogada e Harvey tentam derrotar na sequência de uma polémica relacionada com a Habitação. Sem sucesso na sua demanda, Jessica acaba por ser contratada pelo Presidente, Bobby Golec (Morgan Spector), que a deixa “trabalhar de dentro”, desde que desista da queixa. Mas um dos focos de interesse fica logo na futura interação entre Keri e Jessica.

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Para quem esperava que Jessica regressasse à advocacia na sequela, vê-la numa trama mais política tem um sabor algo agridoce, ainda que ver Gina Torres assumir o protagonismo pela primeira vez a solo seja razão suficiente para ligar a TV. Depois do papel mais secundário em «Defesa à Medida», a personagem pode finalmente crescer livremente, num universo novo e com novas storylines. No entanto, Jessica faz esta viagem quase sozinha, já que falta ao elenco que a acompanha o carisma que tanto caracterizava a série-mãe.

Embora este tipo de séries sejam frequentes no nosso calendário televisivo, há uma tentativa clara dos criadores Daniel Arkin e Aaron Korsh (o criador de «Defesa à Medida») procurarem uma linguagem menos óbvia. Perante os clichés de corrupção política e jogo de interesses, emerge uma Jessica Pearson mais forte do que nunca, capaz de pensar estrategicamente cada um dos seus passos, a fim de levar avante os seus objetivos, nomeadamente tentar – ao contrário do seu pai – ajudar a família. Quase como a heroína de um drama sem superpoderes, a personagem é dona e senhora de todas as atenções, potenciando a faceta que já conquistara adeptos em «Defesa à Medida».

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Dito isto, é preciso muito mais para a série se aguentar no mundo competitivo da TV, onde a oferta é tão intensa e o sucesso não está garantido. As histórias secundárias são previsíveis, as personagens que as vivem são excessivamente lineares e só a genialidade de Gina Torres vai mantendo o interesse no argumento. É certo que a aposta dos produtores escapou ao esperado, mas isso nem sempre é uma coisa boa. Tendo em conta o público-alvo de «Pearson», na sua maioria quem já seguia «Defesa à Medida», talvez tenha sido uma jogada demasiado arriscada, ao mudar completamente o habitat de Jessica. Mas uma coisa é certa: os mais fortes adaptam-se sempre, e ela já deu sinais da sua força.

 

 

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