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O Colapso: crónicas do fim do mundo

O AMC Portugal estreia, na totalidade, a série «O Colapso», com todos os episódios a serem emitidos na sexta-feira e no sábado. Descubra o que esperar destes oito capítulos gravados em plano-sequência.

O que aconteceria à sociedade se o mundo, tal como o conhecemos, estivesse à beira do fim? «O Colapso» tenta dar algumas respostas. E, atendendo ao caos já provocado pela greve dos combustíveis, ou o papel higiénico esgotado no início do estado de emergência, é possível ter uma ideia de como muitas pessoas podem reagir. Se a reação individualista vem ao de cima ao primeiro sinal de caos, o que aconteceria se o fim fosse anunciado e o colapso estivesse em andamento?

Racionar é a palavra ordem em «O Colapso», série francesa. Controlar o consumo nos supermercados e nas bombas de gasolina, um contraste entre o pouco para muitos, por um lado, e o muito para poucos, que tentam enriquecer à conta do desespero. Cada episódio, de cerca de 20 minutos, retrata um acontecimento em plano-sequência. A complexidade do argumento é trocada pela profundidade de cada história, a ritmo rápido, sem quebras. Diferentes sagas, diferentes locais, mas um só objetivo: sobreviver.

O pior da sociedade vem ao de cima em «O Colapso». Com os recursos a escassearem e o mundo a colapsar, a união é uma miragem: é cada um por si. No supermercado as pessoas mostram-se preocupadas, desesperadas perante a falta de utensílios e alimentos básicos, ao mesmo tempo que a escassez de combustíveis provoca o caos. No segundo episódio, passado numa bomba de gasolina, a situação ainda está complicada. Dias depois, no terceiro ato, fugir para uma ilha parece a melhor opção — mas está ao alcance de poucos.

A ação torna-se sufocante para o espectador, nomeadamente quando os intervenientes recorrem a atitudes drásticas para garantir comida e outros mantimentos. A violência também é protagonista de «O Colapso», com o ser humano a não encontrar limites para o seu instinto de sobrevivência e, consequentemente, egoísmo.

«O Colapso» é uma agradável surpresa, sendo que tem um impacto diferente em ano de pandemia. Tem a capacidade de afetar o espectador de maneira intensa e, com a memória presente dos episódios mencionados logo no início, a série não parece ficção e muito menos descabida. E isso não deixa ninguém indiferente.

 

Texto originalmente aqui

 

 

Sara Quelhas

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