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Nailed It!: os “cromos” do Masterchef têm uma série

É a série que (provavelmente) não estão a ver, mas deviam. Não é comédia, não é drama, ainda que seja também isso, e muito menos se trata do típico reality show de cozinha. «Nailed It!» é o concurso culinário de que precisávamos, embora talvez nem o suspeitássemos. Confusos? Bem, o melhor é mesmo ver para crer!

Nailed It!

Hoje acordei com uma ameaça no meu telemóvel. “Eu mato-te! Estava quase a dormir, tenho de acordar às 7 horas e vou no quarto episódio”, escreveu a Filipa às 2h50. Acho que nunca a consegui pôr a fazer uma maratona tão depressa, o que diz muito sobre ela e, sobretudo, sobre mim. «Nailed It!» [«Perfeito!» na tradução para português] tem uma das premissas mais preguiçosas e, ao mesmo tempo, mais inusitadas em televisão. Procurando reestabelecer o equilíbrio no mundo dos concursos no pequeno ecrã, e promovendo a igualdade de oportunidades, a série da Netflix leva a concurso os cozinheiros mais desastrosos das redes sociais (e não só). Os geniozinhos da culinária já têm programas suficientes, certo? Afastem-se, chegou a vez dos ‘cromos’, que é como quem diz, dos cozinheiros normais que não são dados a espectacularidades.

A experiência de recomendar esta série é verdadeiramente engraçada. Mal se fala em série com comida à mistura, as pessoas torcem o nariz. “Mais uma?”. Sim, mais uma, mas não é uma qualquer. Esqueçam a impressionante «Zumbo’s Just Desserts», também da Netflix, e os programas que, rotineiramente, passam na SIC Mulher e no 24Kitchen. Isto é outro nível e, ao contrário do habitual, a qualidade mede-se por baixo. Gostava, aliás, de ver os castings de acesso a esta prova, pois desafiam tudo aquilo que aprendemos ao longo da vida, já que os piores são premiados e os melhores vão para casa. O que motivaria, inclusivamente, outra série: para aqueles que não são maus o suficiente para «Nailed It!» nem bons que chegue para «Masterchef» e companhia.

Nailed It!

Quem nunca se armou em Gordon Ramsay ou Jamie Oliver e improvisou uma lição gastronómica em casa? A generalidade dos participantes de «Nailed It!», três por episódio, levou a aula para outro palco e até têm canais de Youtube onde partilham a sua ‘mestria’. Com um ar muito amador e uma falta de jeito encantadora, que certamente fez a diferença para a sua seleção, sendo que o programa, basicamente, premeia o menos mau entre o trio de participantes. Cada episódio está dividido em duas provas, ainda que a segunda tenha um peso claramente superior na hora de definir o vencedor, naquele que é um desafio épico bem longe do alcance dos cozinheiros postos à prova. Por sua vez, a prova inicial tem um ‘pequeno’ prémio para o melhor dessa ronda, assim como uma distração de vantagem para o pior concorrente – que pode escolher, na prova final, congelar o tempo três minutos para os adversários ou levar a divertidíssima apresentadora, Nicole Byer, a distraí-los durante três minutos.

Passamos metade do episódio a rir-nos das figurinhas alheias, e a outra metade a ter pena dos concorrentes e a culpar-nos pelo que nos rimos. É uma viagem bipolar, sem qualquer dúvida. Como resistir à tentação de soltar uma gargalhada quando um participante, vamos dizer razoável, apresenta um discurso digno do Gordon Ramsay num concurso entre chefs? Não pode ser tudo falta de noção, mas o que é certo é, mesmo que toda esta mistura de sensações, não conseguimos parar de ver a série. E até quando questionamos a ética e os limites de quem desenvolveu «Nailed It!», ou um comentário mais ‘bruto’ de Nicole, seguimos a frase altamente ponderada de uma gargalhada estridente que, muito provavelmente, acordou os vizinhos de cima. Somos péssimos – e os participantes também, por isso vejam!

Fiquem com alguns dos ‘melhores’ resultados:

Nailed It!

Nailed It!

Nailed It!

Nailed It!

 

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