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Let Them All Talk: a magia (improvável) do improviso

Meryl Streep lidera um elenco de estrelas em «Let Them All Talk», o novo filme de Steven Soderbergh para a HBO Max. Já vi a longa-metragem, que estreia em Portugal dia 10, quinta-feira.

Let Them All Talk

O título é self-explanatory: «Let Them All Talk» (2020) [algo como “deixa-os falar”, em português] é um filme que nasce do improviso de um elenco de estrelas, onde se destacam sobretudo as veteranas Meryl Streep, Dianne Wiest e Candice Bergen. Com base em notas para cada cena, os atores desenvolveram o discurso de forma improvisada, naquele que é um casamento feliz entre o argumento, a realização e a criatividade de cada intérprete. O resultado chega à HBO Portugal já esta quinta-feira, 10.

«Let Them All Talk» ilustra a viagem da escritora Alice (Meryl Streep) até ao Reino Unido, a bordo do Queen Mary 2, para receber um prémio. Na sua companhia segue o sobrinho Tyler (Lucas Hedges) e as amigas de longa data Susan (Dianne Wiest) e Roberta (Candice Bergen). Quem também segue a bordo, às escondidas, é a sua agente Karen (Gemma Chan), ansiosa por saber qual o tema do manuscrito que Alice se encontra a escrever. A esperança da agente e dos fãs é que Alice escreva uma sequela do seu grande sucesso You Always/You Never, enquanto a autora poderá preferir outro livro menos popular, A Function of the Body.

Let Them All Talk

Gravado a bordo do Queen Mary 2 em agosto de 2019, entre Nova Iorque e Southampton, «Let Them All Talk» é um diário de viagem composto por momentos rotineiros e diálogos simples. A câmara é quase um espectador, que simplesmente observa as refeições e as pausas de cada interveniente fora dos momentos de grupo. Alice, Susan e Roberta não são tão próximas como antes e isso é claro na dificuldade das conversas, que se vão tornando menos forçadas com a passagem dos dias.

Depois de ter anunciado a sua reforma antecipada em 2013, o realizador Steven Soderbergh parece ter reencontrado a sua paixão pelo cinema ou, pelo menos, uma boa desculpa para fazer um cruzeiro com Meryl Streep. O filme é de uma simplicidade encantadora, com um argumento que se desenvolve sem pressas, sem revelações surpreendentes ou confrontos épicos. É a vida a acontecer, sem aparato ou diálogos muito estruturados e pensados. O que, não sendo brilhante em termos de narrativa, tem um resultado cinematográfico muito interessante.

Let Them All Talk

«Let Them All Talk» não é o típico filme que esperamos encontrar no streaming, mas, numa altura em que muitos evitam ir ao cinema, é um bom presente antecipado para os cinéfilos. Também o encontro de três veteranas na tela, que têm em conjunto cinco Óscares e 10 Emmys, é o “confinamento” de que precisávamos e não sabíamos. Já Lucas Hedges não se faz rogado e continua a consolidar-se com uma das principais promessas da sua geração.

 

Texto originalmente publicado aqui

 

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