O realizador de «Chama-me Pelo Teu Nome» (2017), Luca Guadagnino, apresenta-se pela primeira vez em long version na televisão, com a minissérie «We Are Who We Are», da HBO e Sky Atlantic. Tive acesso aos quatro primeiros episódios em primeira mão.
Enquanto se espera pela sequela de «Chama-me Pelo Teu Nome» (2017), que colocou Luca Guadagnino na rota dos Óscares pela primeira vez, o cineasta mostra serviço no streaming. Com Paolo Giordano e Francesca Manieri, é um dos criadores de «We Are Who We Are», que estreia na HBO hoje, 15 de setembro. Além disso, Guadagnino realiza os oito episódios.
A trama foca uma base norte-americana em Itália, onde os militares e as suas famílias interagem numa espécie de colónia, cujos limites marcam também a separação entre a autoridade e a liberdade. Fraser (Jack Dylan Grazer) é o mais recente morador da base, tendo-se mudado para lá com a mãe Sarah (Chloë Sevigny) e a mulher desta, Maggie (Alice Braga), que fazem parte do Exército. Uma relação difícil e com particularidades inesperadas, e até chocantes.
O adolescente, com uma personalidade peculiar e bastante introvertido, interessa-se desde cedo por Caitlin (Jordan Kristine Seamón), que também reside na base. Aos poucos, vai integrando o grupo de amigos da jovem, ao mesmo tempo que a acompanha numa das jornadas mais exigentes da sua vida.
A série assume os traços das produções independentes, numa reflexão multissensorial sobre o fim da inocência e a passagem para a vida adulta. Este não é um caminho linear ou explícito. Por vezes, o argumento desenvolve-se nas entrelinhas, à boleia da banda sonora e da comunicação não verbal. A narrativa revela-se uma verdadeira explosão de conceitos, com o argumento a tornar-se muito visual, em busca de sensações dentro e fora da tela.
«We Are Who We Are» não é uma série fácil de ver, ou para todo o público. Muito concetual, a trama requer paciência, atenção e empatia ao espectador. Em vez de abordar e agarrar os temas à partida, desenvolve-os de forma orgânica e sobretudo visual — o que torna a experiência mais complexa. Não obstante, o estilo com que Luca Guadagnino conquistou a crítica e as audiências no filme protagonizado por Timothée Chalamet e Armie Hammer ecoa nas cenas, na fotografia e, a momentos, nas interações.
Destaque para a presença de Kid Cudi, que interpreta o pai de Caitlin, bem como para o talento do elenco mais jovem, nomeadamente Francesca Scorsese, Spence Moore II, Corey Knight ou Benjamin L. Taylor II.
Texto originalmente publicado aqui
Na linha da frente da informação, «The Morning Show» expõe a luta feroz entre quem…
Agentes em modo bombeiro: a cada cliente salvo, um novo incêndio começa. «Call My Agent…
Nos subúrbios de Filadélfia, a nova série da HBO Max expõe como o crime e…
Em «Black Rabbit», da Netflix, Jude Law e Jason Bateman lideram um thriller de fraternidade…
O canal TVCine Emotion estreou, no passado dia 10, «Ataque ao Comboio Noturno». A série…
Desistir de uma série televisiva é uma decisão muito importante, ainda que muitos não o…