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Ozark Season 3: a família

Marriage Story, mas melhor.

A terceira temporada de Ozark inicia seis meses depois do final da segunda. O Casino está montado e a funcionar na perfeição. Marty mantém o seu low profile, mas Wendy quer mais. A relação nunca foi pacífica, tendo em conta como começou na primeira temporada, mas agora há uma luta pelo poder dentro do casal. Já não se trata de traições em quartos de hotel ou amantes desfeitos no asfalto. Wendy quer tomar as rédeas e está cansada da “passividade” do marido. Alia-se a Ellen e ao Cartel de Navarro. O casal está em terapia, mas até aí, Marty e Wendy quebram as regras. Não apenas diferenças de opinião em relação à lavagem de dinheiro: ambos conspiram nas costas um do outro. Esta temporada poderia ser definida como a história de um casamento e centra-se mais na família do que nos crimes de colarinho branco.

O regresso do filho pródigo a Ozark

Com uma guerra de cartéis a acontecer no território de Navarro, o casino para gerir debaixo da pressão da máfia de Kansas City, são as relações entre as personagens o palco principal desta narrativa habitual, mas cheia de novos elementos. Um deles, o irmão de Wendy. Interpretado pelo ator Tom Pelphrey, Ben traz uma lufada de inocência e ar fresco à trama. A história dele ainda é a mais discutida no Reddit e será querida pelos fãs da série. Vou admitir: chorei. Tudo em torno deste personagem é de partir o coração. Chegava a ser difícil ver as cenas com ele.

O lado doce de Ruth Langmore

Ruth — um Emmy mais do que merecido para Julia Garner —, vê-se entre a lealdade aos Bird e a família. O que Marty quer e o que ela quer. Não é tão visível a sua presença nesta temporada, mas é sempre marcante. O seu lado mais terno vem ao de cima e é fantástica a maneira como a atriz conjuga esse instinto de proteção dos que lhe são queridos com a personalidade de animal ferido/leão que lhe é tão característica.

Mãe é quem cria

Wyatt encontra em Darlene a família que nunca teve. Aqui, não vou revelar nada ou emitir qualquer opinião, à exceção do desempenho de ambos os atores que nos levam a pensar se estamos a ver bem ou se já adivinhamos o que iria acontecer. Aconselho a que sigam bem a história desta família que não é de sangue, mas que se encontrou no meio de perdas e feridas por sarar. A personagem de Darlene assusta-me imenso. No geral, sempre me senti mais segura numa sala cheia de homens do que numa mesa com três mulheres. Leitores desta rubrica, podem analisar à vontade e deixar um parecer sobre Ozark nos comentários. Se forem psicólogos, pago.

Ellen é humana

Ellen está mais próxima de Wendy. Navarro enfrenta uma guerra de cartéis e agora, mais do que nunca, todos caminham em vidro. A advogada finalmente mostra que tem muito a perder. Até agora, não tínhamos vislumbrado muito sobre a vida pessoal dela. Mas, à medida que a sua relação com Wendy estreita, Ellen torna-se mais humana aos nossos olhos. Não porque sejam amigas, mas porque o facto de serem ambas mulheres fortes, com personalidade, permite que vejamos mais através dos olhos de Wendy. Há coisas que Ellen nunca partilharia com Marty.

Aquele final de Ozark

Sem spoilers. Fiquei sem palavras. Se aparecesse o Krusty The Clown em cena, não teria ficado tão surpreendida como fiquei com o que aconteceu.

Uma série cimentada

O Jason Bateman chegou à mesma conclusão que a sua personagem de Arrested Development.

Muitas vezes comparada a Breaking Bad, Ozark começa a atingir a genialidade desta numa versão mais noir e complexa. Jason Bateman acertou. Quem gosta do género e ainda não se rendeu, deve dar mais uma oportunidade. Por muito lento que seja o ritmo, a realização, a produção, o enredo e o elenco conferem à série todo o ritmo que ela precisa.

As três temporadas de Ozark estão disponíveis no serviço de streaming Netflix.

Filipa Mota

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