One Piece: adaptação reinventa Luffy

A Netflix estreou «One Piece», uma série baseada no sucesso do anime com o mesmo nome.

Do manga ao anime, «One Piece» chega à Netflix numa série em imagem real. A história de Monkey D. Luffy (agora interpretado por Iñaki Godoy) deu os primeiros passos no final dos anos 90 e, chegados a 2023, «One Piece» mantém-se no ar com mais de mil episódios distribuídos por 20 temporadas e continua a ser publicada, totalizando mais de 100 volumes. Como tal, e atendendo ao sucesso mundial, a primeira pergunta que se levanta relativamente à aposta do streaming é: porque não?

Com uma audiência bem estabelecida e provavelmente alguns curiosos que não têm coragem de começar uma série com centenas de episódios, «One Piece» tenta atrair todas as atenções, sem depender demasiado do que já existe. A ação flui mais rapidamente, os acontecimentos precipitam-se e há uma maior espontaneidade e até resolução do que nas obras anteriores. Embora seja uma adaptação, a verdade é que funciona de forma diferente e, anunciando logo ao que vem no episódio piloto, facilmente vai ajudar o público a perceber se é uma viagem a fazer ou evitar.

Monkey D. Luffy tem uma missão e nada o vai afastar do seu êxito: encontrar o tesouro “One Piece” e tornar-se o Rei dos Piratas. Mas, para chegar a esse objetivo, precisa de uma tripulação! Algo aparentemente difícil, já que tem um total de… zero amigos. No entanto, as suas boas ações vão atraindo apoios inesperados e, assim, mudam a sua sorte e tornam um sonho inicialmente absurdo cada vez mais possível.

Entre as principais personagens encontramos Koby (Morgan Davies), Nami (Emily Rudd), Roronoa Zoro (Mackenyu), Helmeppo (Aidan Scott), Usopp (Jacob Romero) e Buggy (Jeff Ward), entre outros.

O jeito cómico das personagens, nomeadamente do protagonista, é uma das imagens de marca da narrativa, que vai cativando até os mais céticos. Certamente não convencerá todos os fãs deste universo, mas a verdade é que isso nunca acontece independente da história – como esquecer a divisão entre os fãs da série e dos livros de «A Guerra dos Tronos»?

Os efeitos visuais cumprem, enquanto as cenas de ação são genericamente bem conseguidas. Além disso, o caos próprio dos intervenientes torna a generalidade dos conflitos bastante engraçados. Uma série que se vê com relativa facilidade, sendo divertida, leve e descomprometida com as expetativas que tem sobre si. Há mudanças em relação à história original, há coisas que acontecem muito mais depressa e a identidade, apesar das influências, procura ser tão distinta quanto possível.

 

Texto originalmente publicado aqui

 

Sara Quelhas

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