O Véu: e se as “super agências” não se entenderem?

Steven Knight e Elisabeth Moss dispensam apresentações, já que têm marcado o panorama televisivo (e não só) nas últimas duas décadas. «O Véu», da Disney+, junta esta dupla que tem tudo para ser de sucesso.

As guerras têm marcado o panorama mundial e todos os dias somos inundados por notícias de novos ataques, mortes e tentativas de acordo. A aposta do criador de «Peaky Blinders», Steve Knight, é inspirada por uma premissa inusitada, que terá sido inclusivamente influenciada por uma experiência da produtora executiva Denise Di Novi. Em conversa furtuita, Denise conheceu um ex-agente da DGES (Directorate-General for External Security), que lhe contou como era por vezes difícil lidar com outras agências. E essa é uma das partes centrais da ação d’«O Véu».

Imogen Salter (Elisabeth Moss, The Handmaid’s Tale) é uma agente experiente do MI6, que viaja até à fronteira com a Turquia para extrair Adilah El Idrissi (Yumna Marwan), uma mulher síria que estará envolvida com o ISIS. Para tal, faz-se passar por outra pessoa e tenta assegurar a sobrevivência de Adilah, que tem um alvo nas costas no campo de refugiados, após ter sido reconhecida.


A narrativa, já de si complexa, ganha uma outra dimensão quando várias agências de segurança externa se envolvem – e os seus objetivos não são necessariamente iguais. Ao mesmo tempo, Imogen tem também de perceber se pode confiar na sua companheira de viagem, e naquilo que ela lhe vai contando para justificar o seu passado. Embora com muita ação, «O Véu» tem em destaque um lado mais estratega, além das jogadas de bastidores onde cada grupo tenta garantir os seus próprios interesses.

Em quem pode confiar Imogen? E será que os demais podem confiar na protagonista? E o espectador – é garantido que a personagem principal merece a sua confiança cega? Uma perspetiva interessante sobre o clima de guerra e terrorismo, bem como a tensão paralela.

O elenco é muito forte, destacando-se ainda nomes como Josh Charles, James Purefoy e até a portuguesa Joana Ribeiro.

 

Texto originalmente publicado aqui

 

Sara Quelhas

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