No dia 26 de maio, o canal AMC Portugal estreia a série «Nautilus», baseada na história de Vinte Mil Léguas Submarinas, de Júlio Verne. Em jeito de preâmbulo, conhecemos o passado do capitão Nemo, que parte em busca de vingança a bordo do submarino Nautilus.
Todos a bordo! A aposta que o serviço de streaming Disney+ deixou cair em 2023 ganhou uma segunda oportunidade e estreia agora no AMC Portugal. A série «Nautilus» renova um clássico da literatura ao mergulhar na origem sombria e complexa do capitão Nemo, interpretado por Shazad Latif. Combinando aventura, drama e política, a produção cria um universo onde a procura por justiça e vingança, nem sempre linear, revela uma personagem cheia de nuances e motivações profundas.
Desde cedo, «Nautilus» procura ser mais do que uma aventura inspirada nas Vinte Mil Léguas Submarinas, de Júlio Verne. Afinal, há muito Oceano para explorar. Estamos perante uma reinterpretação ousada que dá voz e profundidade a uma personagem envolta em mistério. Ao centrar-se na origin story e nos traumas de Nemo, a série aborda temas como opressão imperial, a identidade cultural e a resistência. O que espera este príncipe indiano (na série) despojado da sua linhagem, que se lança ao mar no icónico submarino Nautilus, em busca de vingança contra a Companhia Mercantil das Índias Orientais?
Ao longo da temporada, a narrativa alterna entre a luta pessoal de Nemo e a perseguição constante por parte das forças coloniais. Pelo caminho, surgem aliados improváveis, como Humility Lucas (Georgia Flood), uma mulher com convicções próprias e um passado turbulento, e Loti (Céline Menville), uma figura de personalidade peculiar e valor inesperado. Mais do que uma vingança, a jornada de Nemo transforma-se numa busca por propósito, enquanto o Oceano se torna o palco principal de confrontos físicos, mas também ideológicos e emocionais.
Embora «Nautilus» nem sempre evite clichés e personagens algo unidimensionais, a série tem mérito ao aprofundar o passado de Nemo e os temas que o envolvem. É uma produção que, mais do que entreter, desafia a audiência a refletir. A sua abordagem à colonização, ao trauma histórico e à luta pela autonomia vai para lá do contexto ficcional, lembrando debates contemporâneos. Ao dar uma nova cara a uma personagem lendária, a série convida a audiência a olhar para o mito com outros olhos: não como um monstro das profundezas, mas como alguém forçado a escolher a escuridão para sobreviver.
Na obra original de Júlio Verne, Nemo é mais um rebelde e justiceiro, alguém que luta contra a opressão colonial e que rejeita o mundo exterior, usando o submarino Nautilus como o seu refúgio e também como uma arma. É certo que tem métodos radicais e pode ser implacável, mas a sua motivação está ligada a causas entendidas como nobres. «Nautilus» aprofunda agora essa complexidade, mostrando a sua origem marcada por traumas e perdas, o que pode fazer com que o público o veja como uma figura trágica, com tendências sombrias, mas não como um vilão convencional.
No fundo, «Nautilus» é um convite a descobrir uma história conhecida sob uma nova luz. A série prova que é possível reinventar um clássico sem o descaracterizar, enquanto acrescenta camadas atuais e relevantes.
Texto originalmente publicado na Metropolis
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