Gossip Girl: XOXO, os teus professores

Nove anos depois do final da série original, «Gossip Girl» regressa para manter a classe alta jovem de Nova Iorque em sentido. Com muitas diferenças, mas a intensidade de sempre; a partir de hoje, 26, na HBO Portugal.

Costumam dizer que não devemos voltar aos sítios onde já fomos felizes. No entanto, como bem sabemos, esse não tem sido o caso no cinema e na televisão: entre reboots, sequelas, prequelas e outras tantas “elas”, são muitos os conteúdos ressuscitados com esperança de repetirem sucessos do passado. Não é de estranhar, portanto, que se tente repetir a popularidade de «Gossip Girl» que, entre 2007 e 2012, manteve a audiência em busca da temível fonte anónimas que, no seu blogue, divulgava os principais rumores da escola Constance Billard.

Naturalmente, tirar este fator de mistério é “matar” a criação à partida. Um erro de principiante do criador Joshua Safran, que até esteve envolvido na série original. É certo que marcar pela diferença pode ser muitas vezes visto pela positiva, como por exemplo em «Watchmen», mas isso nem sempre é regra, sobretudo quando falamos em séries que funcionam mais pela fórmula do que pela história. Ainda assim, não se pode dizer que a adaptação tenha sido uma tragédia, e até já viu garantida uma segunda temporada.

Vamos por partes. Sem mão nos alunos privilegiados e indisciplinados, os professores da Constance Billard organizam-se para fazer frente aos alunos, sobretudo aos mais populares. A “semente” da solução é plantada por Rebecca Sherman (Sarah Baskin) que, mesmo não tendo aparecido na série-mãe, foi mencionada como possível Gossip Girl no final de 2.ª temporada. É através dela que voltamos a ouvir nomes familiares, como Dan Humphrey ou Nate Archibald, e mais tarde é recordada também a épica rivalidade entre Blair e Serena.

Depois do momento-homenagem, os professores decidem recuperar a Gossip Girl (e, com ela, voltamos a ouvir a voz off de Kristen Bell) e, desta vez no Instagram, lançam o terror para manter os alunos na linha. Uma ideia que, embora refrescante, peca por se anular à partida. Se já sabemos a resposta, o que nos vai manter agarrados ao pequeno ecrã?

No elenco jovem, e concretamente no centro da ação, temos as meias-irmãs Zoya (Whitney Peak) e a super popular influencer Julien (Jordan Alexander), bem como os amigos da segunda: Audrey (Emily Alyn Lind), Max (Thomas Doherty), Obie (Eli Brown), Aki (Evan Mock), Luna (Zión Moreno) e Monet (Savannah Lee Smith). Um reflexo estereotipado da elite de Nova Iorque, as personagens chamam a atenção desde logo pelas complexas relações que mantêm entre si, e sobre o potencial autodestrutivo que muitas têm.

«Gossip Girl» não faz jus à série que lhe deu origem, pelo que tem agora de árdua tarefa conquistar o público por mérito próprio. Ao contrário do que seria expectável, será, possivelmente, mais fácil chegar a audiências totalmente novas, e não aos saudosistas da série de 2007.

 

Texto originalmente publicado aqui

 

 

Sara Quelhas

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