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Clark: o gangster que apaixonou a Suécia

A Netflix estreia hoje, 5, uma minissérie inspirada em verdades e mentiras sobre o criminoso Clark Olofsson. Um dos seus assaltos está ligado à origem da “Síndrome de Estocolmo”.

Clark Olofsson (Bill Skarsgård) conta a sua história na primeira pessoa, como narrador, protagonista e perpetuador da “hipérbole” com que são apresentados os principais acontecimentos da sua vida. Apesar da sua infância ligada à violência e da sua entrada prematura no mundo do crime, a sua personalidade parece conquistar a simpatia de mulheres, parceiros e, mais tarde, da sociedade. Como pode um homem ligado ao crime ser adorado e defendido acerrimamente por civis? É esse um dos mistérios que «Clark», hoje em estreia na Netflix, procura explorar.

Do outro lado – e genericamente com menos sucesso – temos Tommy (Vilhelm Blomgren), um agente algo trapalhão e estereotipado, que assume como uma das missões da sua vida travar Clark. A trama assume os contornos de uma alegoria, mostrando não as coisas como realmente sucederam, mas sim como Clark as viu. A abordagem surrealista acaba por criar uma narrativa fun para o espectador, que explora os contornos principais da vida de Clark Olofsson, criando a imagem que depois teria a capacidade de conquistar a Suécia.

Naquele que é provavelmente o assalto mais emblemático da sua trajetória, Clark e o companheiro de assalto criaram relações de proximidade com os reféns, batizando a “Síndrome de Estocolmo”. O entendimento amigável entre criminosos e vítimas, que se posicionam do lado de quem executa o crime e não de quem os tenta defender, é uma situação amplamente estudada, e que também inspirou um sem fim de histórias ficcionais.

Para o interesse da minissérie contribui não apenas o formato de «Clark», mas também a interpretação do elenco, com principal destaque para Bill Skarsgård, que mais uma vez dá provas da sua versatilidade. Esta série é realizada por Jonas Åkerlund, que se popularizou na execução de videoclips e longas como «Cavaleiros do Apocalipse» (2009) e «Polar» (2019).

 

Texto originalmente publicado aqui

 

Sara Quelhas

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