Avatar: The Last Airbender, a série

A Netflix estreou, em fevereiro, uma versão live action de «Avatar: The Last Airbender». A aposta em universos com muitos fãs veio para ficar no streaming, nomeadamente adaptações do mundo do anime.

Poucos meses depois da estreia de outro sucesso do anime, «One Piece», a Netflix lança mais um live action derivado da animação japonesa, desta feita «Avatar: The Last Airbender». Depois do desastre que foi o filme «O Último Airbender» (2010), a série foi antecipada com um misto de curiosidade e receio, já que a história original foi um sucesso mundial, mas o franchise não voltou a encontrar a fórmula certa. Embora longe da execução do anime, a verdade é que a aposta do streaming também está longe de ser o desastre que foi a longa-metragem. O que a trama perde em enredo, ganha em efeitos especiais bem conseguidos.

Vamos à história. Aang (Gordon Cormier) é o último Airbender e o Avatar, capaz de dominar os quatro elementos e a esperança derradeira de uma realidade dominada pela guerra e o terror do Fogo. Na sequência de um ataque, Aang ficou no limbo e “aterra” muito tempo depois no completo desconhecido, sendo acolhido por Katara (Kiawentiio) e Sokka (Ian Ousley). Dois jovens que, tal como ele, também tiveram de crescer demasiado depressa para garantirem a sua sobrevivência. Um ser estranho e fora de contexto, acaba por ser a melhor arma para um povo aparentemente indefeso perante a ganância dos seus adversários.

Entre as principais fraquezas de «Avatar: The Last Airbender» está, sobretudo, a sua pressa. A tentativa de agarrar a audiência pela ação e pela tensão levam a que personagens como Aang não sejam aprofundadas, e o seu conhecimento passe muito pela análise do espectador e pelas suposições das personagens. Ou frases soltas que, em certos momentos, dão informação relativamente a quem é Aang e qual o papel para ele destinado.

Só que isso não resolve o lado pessoal do protagonista, potenciado na relação express com o seu mentor, mas sem profundidade ou capacidade de explorar o desafio que é para uma criança ser o Avatar. É como se um bebé, mal nascesse, começasse logo a andar, sem todo o processo de aprendizagem e evolução de competências.

As storylines crescem sobretudo através do conflito e das motivações dos seus promotores (alguns de segunda linha), como Zuko (Dallas Liu), um líder obcecado por agradar ao pai, mas sobretudo o Fire Lord Ozai (Daniel Dae Kim), um dos vilões mais impactantes de toda a saga. Com um elenco jovem um pouco “verde”, a série faz-se valer de atores como Daniel Dae Kim (Hawaii Five-0), Ken Leung (Lost), Utkarsh Ambudkar, Danny Pudi, A Martinez, Tamlyn Tomita e George Takei.

 

Texto originalmente publicado aqui

 

Sara Quelhas

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