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Até Que a Vida Nos Separe: vai dar amor ou divórcio?

O trio responsável pela criação da série «País Irmão» volta a fazer das suas na RTP1 com a peculiar «Até Que a Vida Nos Separe». O primeiro episódio estreou na passada quarta-feira e continua disponível no RTP Play.

A sociedade é vista à lupa através do olhar de «Até Que a Vida Nos Separe», a série que não deixa nada por dizer no que diz respeito ao amor, nas suas diferentes formas e idades. Uma espécie de alegoria dos relacionamentos, a série criada por Hugo Gonçalves, Tiago R. Santos e João Tordo analisa, com muito humor e ousadia, a forma como comunicamos e nos envolvemos hoje em dia; nas nossas vidas e nas dos outros, pois claro.

A partir de uma empresa que organiza matrimónios, «Até Que a Vida Nos Separe» põe a nu as dificuldades que levam à separação – seja (apenas) emocionalmente ou de vez – de casais que se julgaram “para sempre”.

Vanessa (Rita Loureiro), a cara desta quinta de casamentos – outrora de sonhos –, sempre se destacou por ser precoce… e a chegada da menopausa não foi exceção. Sim, como se a crise nos matrimónios não fosse suficiente, a protagonista desta história ainda tem de lidar com afrontamentos, alucinações… e até secura.

É aqui que entra, pela primeira vez, a capacidade moderna e inovadora da série. As sensações de Vanessa são recriadas visualmente para o espectador que, assim, não fica fora da sua viagem hormonal e, na tela, bastante colorida. Há inclusivamente, no primeiro episódio, uma cena imperdível numa galeria de arte, que torna o momento uma verdadeira instalação artística.

Mas não é só de Vanessa que vive esta série. Há a sua família, que atravessa um momento difícil, e outras personagens, que prometem surpreender à medida que a ação avança. Além de figuras que parecem verdadeiras caricaturas de profissões ou celebridades que conhecemos, há também intervenientes que procuram desmistificar – com maior ou menor efeito-choque, seja em relações ou momentos aparentemente mais banais – situações ainda incompreendidas pela generalidade do público. Algo que é para ser levado a sério, ainda que a brincar.

Assim como acontecia em «País Irmão», o argumento inteligente é meio caminho andado para nos agarrar à história. Aliado a uma realização bem conseguida, agora por Manuel Pureza, «Até Que a Vida Nos Separe» é uma experiência verdadeiramente orgânica para o espectador, que consegue estabelecer uma relação empática com as personagens, ao mesmo tempo que é “abraçado” por temas mais ou menos leves. Numa altura de pandemia, em que o amor tantas vezes se vive à distância, esta é uma série que nos recorda que estar perto nem sempre é sinal de estar próximo.

O elenco, esse, quase dispensa apresentações. Entre os atores escolhidos destacam-se, entre outros, Dinarte Branco, Madalena Almeida, Diogo Martins, Henriqueta Maia, Teresa Tavares, Albano Jerónimo e Lourenço Ortigão.

 

Texto originalmente publicado aqui

 

Sara Quelhas

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