A Teacher: uma aula sobre abuso de poder

A HBO Portugal estreia amanhã, 11, a série «A Teacher», protagonizada por Kate Mara e Nick Robinson. Fica a saber o que esperar da criação de Hannah Fidell, que regressa a este tema depois do filme «A Teacher» (2013).

O aviso chega no início de todos os episódios de «A Teacher»: há momentos que podem ser vistos como grooming (relacionado com o aliciamento de menores) e no final, antes dos créditos, é deixado um contacto para quem precisar de ajuda (ou conhecer quem precise). Embora se apresente como uma espécie de «Mrs. Fletcher», também da HBO, a verdade é que «A Teacher» é bem diferente. Mas esse arco, anunciado desde o primeiro episódio, só se completa quando temos o plano geral da narrativa e distanciamento suficiente.

Ao leme da narrativa estão Kate Mara (Quarteto Fantástico, Pose) e Nick Robinson (Com Amor, Simon), como professora e aluno numa escola do Texas. A nova professora depressa desperta a atenção de vários jovens, em especial de Eric Walker (Robinson), do qual começa a ser tutora. Como a sinopse e o trailer anunciam, não tarda a haver um relacionamento mais íntimo entre os dois. Uma “segunda vida”, a par do casamento estagnado que Claire Wilson (Mara) vive com Matt Mitchell (Ashley Zukerman, Succession), num impasse para avançarem para a próxima fase: ter filhos.

Este jogo de sedução, entre linguagem verbal e física explícitas, apela à interpretação do espectador, antes de lhe dar as respostas. Será este um amor sincero e equilibrado? Estamos perante o amor de uma vida ou a ilusão de uns meses? A fragilidade aparente de Claire não é indissociável desta análise, nem inocente por parte do casting de atores. A juntar ao seu discurso, o ar angelical de Claire rompe o estereótipo tantas vezes esperado de uma mulher numa posição de poder.

Não trazendo necessariamente nada de inovador, «A Teacher» problematiza o que já conhecemos. A informação, tantas vezes dispersa, chega concentrada em episódios de ritmo rápido que avançam convincentemente na ação. Hannah Fidell, que cria aqui a sua primeira série, aproveita o “palco” para passar a sua mensagem. E, em certa parte, é essa mesma intenção que enfraquece o argumento e reduz esta série a um bom conceito, talvez não concretizado da melhor maneira.

A série é composta por 10 episódios, de cerca de 25 minutos cada, e conta ainda no elenco com Shane Harper, Dylan Schmid e Adam David Thompson, entre outros.

 

Texto originalmente publicado aqui

 

Sara Quelhas

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