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Young Sheldon: uma “armitage” à prova de bullies

Tem cuidado com o que desejas, porque pode tornar-se realidade. Um dos spin-offs mais desejados da última década ganhou, finalmente, forma em «Young Sheldon». Aquela que é, para alguns, a personagem mais cómica dos últimos 10 anos – Sheldon Cooper, de «A Teoria do Big Bang» – tem agora a sua merecida história de origem. A antestreia aguçou o apetite, mas a série só começa (a sério) em novembro.

Chuck Lorre, cocriador de «A Teoria do Big Bang», «Dois Homens e Meio» e «Vida de Mãe», juntou-se ao multifacetado Steven Molaro para criar uma origin story digna dos super-heróis favoritos do peculiar Sheldon Cooper, trazido à vida desde 2007 por Jim Parsons. O fato é trocado pelo laçarote e os super-poderes pelas super-picuinices, o que torna Sheldon uma das figuras mais difíceis de derrotar – já que tem um dom imensurável de vencer toda a gente pelo cansaço. Se isto falhar, há sempre a incansável Mary Cooper, pronta a defender o filho tão acerrimamente quanto defende a sua religião. Após Laurie Metcalf interpretar a personagem esporadicamente –  até já foi nomeada aos Emmys pela sua prestação em «A Teoria do Big Bang» – esta é reinventada, numa versão mais jovem, pela filha, Zoe Perry, que se poderá afirmar como o melhor side kick que um herói pode ter.

Bem sabemos que o mundo não é exatamente como Sheldon o vê, pelo que a sua ascensão a génio é muito menos romanceada do que ele a pinta. Do ensino primário diretamente para o 9º ano, onde está o irmão mais velho, Georgie (Montana Jordan), Sheldon Cooper prepara-se para enfrentar vários desafios para os quais não está preparado. E, como seria de esperar, não têm nada a ver com a exigência das disciplinas! Para começar, a obsessão de Sheldon pelo cumprimento das regras é antiga, e nem os professores escapam à sua ‘fúria’. Além disso, tem um feitio nada fácil e socialmente inadequado, sobretudo se tivermos em conta o seu crescimento no conservador estado do Texas.

Como um dos atrativos, a prequela «Young Sheldon» introduz uma personagem escondida, até agora, no passado: George Copper (Lance Barber), o pai de Sheldon. Apesar de a mãe – na versão de Laurie – já nos ter arrancado diversas gargalhadas, a verdade é que a família Cooper era, até agora, genericamente desconhecida. E, numa consequência quase fatídica, fonte de enorme curiosidade. É, assim, inevitável falar em hype quando uma série surge das sombras do sucesso de uma outra – tão lucrativa e tão bem consolidada na audiência; mas, como já vimos no passado, isso não é garantia de nada. Ainda assim, com uma temporada completa ‘encomendada’ logo após o piloto, as expetativas estão lá em cima.

Os típicos receios inerentes à prequela de uma série como «A Teoria do Big Bang» foram, parcialmente, esbatidos assim que soube quem seria o protagonista de «Young Sheldon». Iain Armitage vinha bem cotado de «Big Little Lies» e o seu vídeo adorável do Ham4Ham, onde ‘rappava’ as partes de Alexander Hamilton e Thomas Jefferson, era apenas mais uma prova da sua versatilidade. Verdadeiramente assombrosa, se tivermos em conta que estamos a falar de um ator que fez 9 anos em julho. E, depois do primeiro episódio, emitido pelo AXN Portugal na quinta-feira, 5, fica mesmo uma certeza: Iain Armitage deve relevar-se a melhor arma contra os bullies – dentro e fora do pequeno ecrã. Caso isso não chegue, não se esqueçam que o pai dele é o treinador da equipa de futebol americano… e o irmão dele é jogador.

Sara Quelhas

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