The Morning Show: e por falar em consequências…

Tive acesso antecipado à segunda temporada de «The Morning Show», que estreia hoje no streaming Apple TV+. O elenco volta a ser a principal força-motriz da narrativa.

A espera foi longa, mas «The Morning Show» não defrauda as expetativas e entrega uma segunda temporada de nível elevado, marcada pela breve mas impactante participação de Julianna Margulies, que se celebrizou em «ER – Serviço de Urgência» e «The Good Wife». Com Jennifer Aniston e Reese Witherspoon ao nível que já nos habituaram, e que dispensa toda e qualquer apresentação, a força de «The Morning Show» volta a estar no elenco como um todo, e com segundas linhas onde se incluem nomes impressionantes como Steve Carell, Billy Crudup, Mark Duplass, Holland Taylor ou Will Arnett.

Oito a nove meses depois de Alex Levy (Aniston) ter denunciado Fred (Tom Irwin) durante o programa The Morning Show, tudo está diferente. Bradley (Witherspoon) está loira, de look renovado, e tem um novo colega. Já Alex prepara-se para lançar um livro e vive agora isolada de tudo e todos. No entanto, quando uma nova polémica rebenta na UBA e Cory (Crudup), agora com novas funções, tem de reagir, as respostas óbvias podem estar nos lugares mais inesperados.

Um dos tópicos da temporada é o Covid-19, desde o surgimento “inofensivo” à bomba que eclodiu na nossa realidade. Apesar de deixar isso claro logo na abertura do primeiro episódio, «The Morning Show» recua para dar continuidade à storyline por concluir da temporada anterior, mostrando ao espectador onde pode encontrar todos os intervenientes. A juntar a esta chuva de estrelas, Greta Lee assume uma figura regular, como a substituta de Cory, Stella, e Holland Taylor, aqui Cybil, ilustra a mão pesada da administração em busca de resultados práticos na UBA. Ao mesmo tempo, um streaming da estação mostra como todos têm de adaptar às exigências do mundo moderno e da praticabilidade para as audiências.

Quem possa pensar que a trama em torno de Hannah (Gugu Mbatha-Raw) ficou concluída, pensem de novo. A sucessão de escândalos parece não ter fim na UBA e, a par de um argumento cativante, a série continua a apresentar diálogos de alto nível e twists inesperados que podem mudar tudo aquilo que julgávamos saber sobre «The Morning Show». Até onde vai a culpa? Quem vai pagar ainda pela fase mais negra da história da televisão? Terão os perpetuadores direito a uma nova liberdade? Todas as perguntas partem em busca de resposta, qual Bradley incansável contra o sistema.

Por sua vez, as personagens centrais revelam novas camadas da sua personalidade e estabelecem novas relações e conflitos, fortalecendo a dinâmica narrativa e criando uma história coerente, interessante e complexa que, na senda de séries como «The Newsroom», quer colocar a audiência a pensar criticamente sobre a informação que consome. E não só: sobre o papel da sociedade nos diferentes temas que vão surgindo, e na forma como, individuantemente, podemos assumir um papel mais inconformado e ativo.

Esta é uma criação de Jay Carson e Kerry Ehrin. O primeiro episódio da segunda temporada de «The Morning Show» fica hoje disponível no serviço Apple TV+.

 

Texto originalmente publicado aqui

 

 

 

Sara Quelhas

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