The Last Cruise: o 1º surto internacional de Covid-19

A HBO Portugal estreia hoje, 31, um documentário sobre o primeiro surto de Covid-19 fora da China. O Diamond Princess é o protagonista de «The Last Cruise», a que tive acesso antecipado.

Saído de Yokohama, Japão, a 20 de janeiro de 2020, o Diamond Princess viria a atracar numa realidade assustadora e incerta: a de um mundo ameaçado pela Covid-19. Sem grande alarido, ou noção do perigo, os viajantes contactaram com fontes de contágio e acabaram por ter uma viagem, que seria de sonho, transformada em pesadelo. Os passageiros foram forçados a fazer quarentena, enquanto outros (poucos) eram testados e os números impressionavam. É esta a história por detrás do documentário «The Last Cruise», em estreia na HBO Portugal.

Das primeiras imagens repletas de luxo e diversão a um silêncio ensurdecedor. Todos os intervenientes viram a sua jornada totalmente alterada por um vírus desconhecido, cujo forma de contágio era desconhecida. Aos poucos, e à medida que se sabia mais sobre a nova doença, também morriam as primeiras vítimas na sequência das sequelas provocadas pelo Coronavírus.

Com o estilo bastante intimista e amador, com recurso a imagens de telemóvel e a partilhas de histórias individuais, «The Last Cruise» é muito mais uma obra social do que estilística ou até cinematográfica. De apresentação simples e interações praticamente rotineiras e sem profundidade, o documentário, de 40 minutos, procura registar o lado humano de um surto em erupção. Uma visão direta, nua e crua sobre uma experiência que não tem nada de glamouroso.

Além do lado dos viajantes, há também o registo da experiência na cozinha e não só. À tripulação não era permitido parar, a fim de garantir a alimentação dos clientes. Muitos estariam doentes e sem qualquer tipo de isolamento, ameaçando assim o bem-estar de colegas e demais viajantes. Como pano de fundo, as notícias dos primeiros casos nos Estados Unidos e da ameaça que começava a pairar um pouco por todo o mundo.

«The Last Cruise» é um documentário relativamente curto e funciona como uma memória de uma experiência que, tão cedo, não seremos capazes de esquecer.

 

Texto originalmente publicado aqui

 

 

Sara Quelhas

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