The Consultant: Christoph Waltz “demoníaco”

O papel de vilão assenta-lhe como uma luva: Christoph Waltz é uma figura misteriosa e possivelmente diabólica em «The Consultant», que estreia esta sexta-feira no Amazon Prime Video.

Numa altura em que a violência nos videojogos continua a motivar várias discussões, nomeadamente acerca do seu impacto no desenvolvimento infantojuvenil, e a indústria dos jogos se mantém muito rentável, «The Consultant» cria uma história macabra que combina as duas áreas. Quando uma criança, aparentemente inofensiva, assassina a sangue frio Sang (Brian Yoon), o génio por detrás da CompWare, um estúdio de jogos com sede no centro de Los Angeles, a vida dos funcionários sofre uma reviravolta.

Sobretudo quando o desconhecido Regus Patoff (Christoph Waltz) surge no edifício e garante ter total autoridade para assumir a liderança da empresa, por escolha do líder recém-falecido. Com poucas competências sociais e uma frieza tenebrosa, Regus vai conquistando inimizades entre os funcionários, ao mesmo tempo que parece despertar momentos de idolatria sem aparente razão para tal. Estamos perante uma manipulação ardilosa, ou algo verdadeiramente sobrenatural?

Elaine (Brittany O’Grady) e Craig (Nat Wolff) são as duas personagens centrais da narrativa, em oposição a Regus, que tentam desvendar o mistério, ao mesmo tempo que procuram garantir a sobrevivência da empresa. Num jogo de “gato e rato”, a dupla vai descobrindo verdades chocantes e surpreendentes, de Sang e não só, mas tem dificuldade em perceber a lógica por detrás dos acontecimentos. Também o espectador passa por este processo, ainda que tome conhecimento da forma como as coisas aconteceram antes dos dois intervenientes.

A principal razão da qualidade de «The Consultant» é Christoph Waltz. O ator já provou vezes sem conta a sua qualidade, pelo que não é surpresa para ninguém que o volte a fazer nestes oito episódios. A contracena é equilibrada e alimenta a narrativa ilusoriamente complexa da minissérie, que se revela progressivamente mais simples do que pensávamos, mas nem por isso com menos valor. No entanto, não podemos descurar também o “homem do leme”, o criador Tony Basgallop, que tem conseguido repetidos sucessos, com maior ou menos dimensão internacional, nomeadamente com «Servant», da Apple TV+.

 

Texto originalmente publicado aqui

 

Sara Quelhas

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