A METROPOLIS teve acesso antecipado aos três primeiros episódios da segunda temporada de «Ozark», que surge com novos rostos e uma carga emocional ainda mais pesada. A série original da Netflix regressa a 31 de agosto com 10 episódios.
Em busca das primeiras reações aos novos episódios de «Ozark», deparei-me com um artigo que, a certa altura, recuperava a “pornografia do sofrimento” que foi a segunda temporada de «The Handmaid’s Tale», com o objetivo de marcar uma posição. Segundo este texto do The Hollywood Reporter, o ambiente de «Ozark» fazia com que a série protagonizada por Elisabeth Moss parecesse um passeio no parque. A comparação pode até ser exagerada, mas a verdade é que nada corre bem nas paradisíacas Ozarks: Marty Byrde (Jason Bateman) e companhia voltam a mergulhar num ambiente negro e marcadamente dramático, sem espaço para um momento de sossego ou felicidade.
No entanto, não se preocupem, pois isto não significa que a angústia das personagens seja transmitida aos espectadores. O que também não quer dizer que seja uma série para a toda a gente, ainda que ‘pisque’ o olho aos fãs de «Breaking Bad» e «Bloodline», posicionando-se como um drama na mesma linha. Apesar da proximidade, o original Netflix procura oferecer algo mais, desde logo ao nível do rigor financeiro da ficção e da humanização das suas personagens – estas não são necessariamente complexas ou interessantes por si só, mas sim no seu todo.
(…) A série da Netflix está longe de ser apenas sobre Bateman – que, aliás, volta a assumir pontualmente o papel de realizador. Ruth Langmore (Julia Garner), que assassinou os tios para proteger Marty, e Wendy Byrde (Laura Linney), que voltou para as Ozarks por exigência dos filhos, vão assumir papéis extremamente importantes. A espaços, chegam mesmo a ofuscar Marty, ainda que as suas ações tenham sempre influência direta na narrativa global. O facto de a série assumir uma componente mais política, inevitável devido às jogadas de bastidores necessárias para garantir o casino, dá também um lugar de maior destaque a Wendy, que se sente verdadeiramente em casa.
Já a personagem de Julia Garner é um mistério maior e, como provou na primeira temporada, bastante imprevisível. Com o regresso do pai, Cade (Trevor Long), Ruth vê-se dividida entre a lealdade a Marty, que nem sempre a valoriza, e a lealdade ao pai, de atitude intempestiva. Longe de ter o comportamento típico de uma adolescente – e, consequentemente, é muito difícil de antecipar –, Ruth vai assumir-se cada vez mais como uma personagem tão importante e influente como Marty. Resta saber, no entanto, se vão continuar do mesmo lado.
Organicamente uma série masculina, com homens nos cargos de maior peso e responsáveis pelas decisões mais determinantes, «Ozark» desafia constantemente este estereótipo ‘imposto’. Veja-se Darlene (Lisa Emery), que assassina Del (Esai Morales) a sangue frio depois de um acordo de homens; Ruth, que faz frente a qualquer ameaça e, contrariando todas as probabilidades, acaba sempre por sair na mó de cima (até quando?); ou Wendy, que faz a diferença num mundo dominado por engravatados. É portanto de estranhar que todas as atrizes tenham sido ignoradas pelos Emmys, como já tinha acontecido com os Globos de Ouro. No mesmo tom apático a que nos habituou ao longo dos anos, com personagens ponderadas e desastradas por natureza, Bateman voltou a ser o único intérprete nomeado aos Emmys, depois dos Globos de Ouro (conta ainda com uma indicação em realização).
Review completa na Metropolis de setembro.
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