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La Brea: a vontade primitiva de ser Lost

O TVCine Action estreia hoje, às 22h10, a nova aposta «La Brea». A série retrata o desespero de um grupo que dá por si numa terra primitiva depois de surgir um buraco em Los Angeles.

Quem quer ser «Lost» bem lhe veste a pele, mas o resultado teima em ser sempre o mesmo e as apostas ficam aquém dos objetivos. «La Brea» é mais uma série que tenta ir atrás do êxito alheio e, por esse motivo, cria uma teia narrativa pouco entusiasmante e sem valor acrescentado. A história de um buraco em La Brea, que engole pessoas, automóveis e edifícios para uma terra primitiva, sem motivo conhecido, cria uma narrativa idêntica a muitas outras, sem que as personagens sejam também particularmente cativantes. É caso para dizer que a primeira incursão de Jon Seda após a saída da saga Chicago não é totalmente feliz.

Eve (Natalie Zea) levava os filhos Josh (Jack Martin) e Izzy (Zyra Gorecki) no carro quando a tragédia se abateu sobre Los Angeles. Enquanto Izzy consegue escapar, Josh é engolido pelo buraco e a mãe acaba por ter o mesmo destino. À medida que as testemunhas choram a morte de dezenas de pessoas, estas surgem num lugar misterioso, estranhamente idêntico àquele de onde saíram. Já no mundo tido como real, Gavin (Eoin Macken), que há algum tempo tem visões desse mesmo local, tenta encontrar a família, juntando-se às autoridades – que sabem muito mais do que inicialmente revelam – para salvar as vítimas engolidas.

Com um toque de ficção científica e paranormal, «La Brea» é uma viagem estranhamente familiar. Este tipo de séries é um must em todas as temporadas de novas séries, com muitas a não sobreviverem à primeira season, sobretudo depois de sucessos como «Lost» e até «Stranger Things». Sem capacidade de entregarem nada de novo, as séries tornam-se redundantes e facilmente caem no esquecimento. Nem a capacidade mirabolante de Gavin consegue prender a audiência, atribuindo ao mistério um lado ainda mais místico que não é apresentado da melhor maneira.

As personagens tornam-se estereótipos, os acontecimentos lugares-comuns e pouco mais. Nem os efeitos visuais são particularmente bem conseguidos. Uma pena, já que a série teria potencial para se desenvolver de outra forma, se o criador David Appelbaum (com passagens na produção de apostas como O Mentalista e The Enemy Within) ousasse ir além do conhecido pelo público, e criar algo refrescante e que deixasse marca.

 

Texto originalmente publicado aqui

 

 

Sara Quelhas

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