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Knightfall – Templários: e não viveram felizes para sempre

Embora a nova aposta do TVSéries, «Knightfall – Templários», assente na ficção, já que traz alguns acontecimentos e personagens sem bases firmes na história, a verdade é que se trata de um instrumento fundamental para tornar a narrativa mais verosímil. Os Templários, há séculos apoiados no mito, eram pessoas reais como as outras, com problemas e emoções semelhantes, mas aos quais era feita uma exigência diferente. É desta necessidade do argumento que surgem Landry (Tom Cullen) e outros rostos: eles representam mais do que uma pessoa, representam a inevitabilidade de que os Templários eram humanos. E tudo o que isso acarreta.

Já sabemos o final desta história: os Templários foram dissolvidos e, quando foram recuperados no século XIX, já não eram guerreiros, mas sim diplomatas. Esta história não vai ter um final feliz. A ação arranca em Acra em 1291, o início do fim para os cavaleiros dos Templários, que surgem 15 anos mais tarde em Paris. Outrora incumbida da missão de garantir passagem segura aos peregrinos para a Terra Santa, com votos de pobreza e castidade, há muito que a Ordem era conhecida por ter dinheiro — e a parte da castidade também é falsa, pelo menos parcialmente, como descobrimos mais tarde.

O mito de «Knightfall – Templários» desmonta-se em planos rápidos e extasiantes, que assentam sobretudo na ação e na fluidez dos acontecimentos. As batalhas normalmente seguem Landry, a personagem em que assenta o cerne do conflito, e a partir da qual temos acesso aos acontecimentos preservados pela história. Deste modo, a série afasta-se da construção meramente histórica e assume os seus desvios criativos, usando-os não como artifício, mas antes para fortalecer os factos que se quer contar. A primeira temporada vai recair sobretudo na busca pelo mítico Santo Grall, ainda que esta descoberta não se resuma apenas ao objecto religioso…

Texto originalmente publicado na Metropolis.

 

Sara Quelhas

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