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Carter: quem tem um Jerry O’Connell tem tudo

Depois de uma breve aparição como irmão de Sheldon Cooper (Jim Parsons) em «A Teoria do Big Bang», Jerry O’Connell está de regresso à antena do AXN com honras de protagonista em «Carter». A nova aposta do AXN estreia em simultâneo nos três canais (AXN Portugal, Black e White) esta quarta-feira, 5, às 22h30.

O popular ator Jerry O’Connell, mais conhecido por séries como «Heróis Por Acaso» e «A Patologista», assume as rédeas de «Carter», uma série policial bastante divertida, lançada originalmente pelo canal canadiano Bravo. Trata-se da receita ideal para quem tem saudades de «Castle», «Apanha-me se Puderes» e «Psych – Agentes Especiais».

Sem querer ser levada demasiado a sério, «Carter» reúne um elenco humilde mas promissor, não escondendo a vertente de estrela de Jerry O’Connell, dentro e fora do pequeno ecrã. O nova-iorquino dá vida a Harley Carter, um ator famoso que, após um ato insensato, cai em desgraça e acaba por se afastar da confusão de Los Angeles. De regresso à terra natal, reencontra uma dupla de velhos amigos – a agente Sam (Sydney Tamiia Poitier) e Dave (Kristian Bruun) – e, aos ‘tropeções’, é contratado como consultor da Polícia. Destaque para Kristian, que ganha o estatuto de braço-direito depois de uma caminhada bem-sucedida em «Orphan Black», terminada há um ano.

De argumento simples e com recurso a variados estereótipos das séries policiais (nomeadamente procedurals), «Carter» deixa-se inspirar pelo histórico do género e, ao mesmo tempo, dá-lhe um toque de anos 80. Entre a melancolia e a comédia própria dos programas televisivos que envolvem cidadãos na pele de detetives-consultores, a nova série do AXN Portugal aposta no lado de entretenimento sem, ainda assim, castigar o desenvolvimento da narrativa e das personagens. Os processos são mais diretos, é certo, mas isso também torna os episódios mais ‘leves’.

Mas nem só de crime vive a série: há um consistente lado reality, com a exploração e caricatura da vida aparentemente glamorosa de Hollywood, e uma atenção cuidada às relações sociais entre culturas e contextos diferentes (os ‘colegas de casa’ de Carter são asiáticos, por exemplo). Todo este complemento contribui para levar a série a um novo patamar, tornando-a mais complexa no que diz respeito ao convívio entre personagens e, necessariamente, entre storylines. É uma série que não marca a diferença, mas que sabe abraçar os elementos já existentes de diversos sucessos televisivos (como se fossem seus).

A multiplicidade de séries policiais castiga, inevitavelmente, cada nova estreia – seja por preconceito ou por cansaço do espectador. É inegável que o piloto de «Carter» vai lembrar os arranques de «Castle» e «Deception», que foi cancelada após uma temporada, com o protagonista a enganar o primeiro vilão e, consequentemente, a ser elevado ao estatuto de herói. Ainda assim, o carisma de Jerry O’Connell, numa personagem próxima do que costuma fazer, é o maior trunfo: o ator podia estar 40 minutos a tentar vender máquinas de café e, mesmo que acabássemos por não comprar, voltaríamos sempre para o ver outra vez. No caso das séries, pode ser o suficiente para sobreviver (o Bravo ainda não anunciou se avança ou não com uma segunda temporada).

Texto originalmente publicado na Metropolis.

 

Sara Quelhas

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