Alice & Jack: o amor descompassado

Durante quase duas décadas, um casal não consegue concretizar a relação que ambos parecem querer em «Alice & Jack». Para ver a partir de dia 24 no canal TVCine Edition.

A história em concreto passa para segundo plano quando sabemos que os protagonistas são Domhnall Gleeson e Andrea Riseborough, dois atores com provas dadas no pequeno e grande ecrã. Em «Alice & Jack», os atores interpretam um casal apaixonado que, na sequência de diversos acasos do destino – provocados por escolhas suas e por traumas do passado de Alice –, vão sendo constantemente afastados. A série, criada por Victor Levin (Destino: Casamento, Mad Men), evolui ao mesmo tempo que os seus (des)encontros.

Com um argumento simples mas profundo, «Alice & Jack» traça o retrato de uma dupla improvável que combina até bem demais. No entanto, a comunicação entre os dois não é clara, muito por culpa dos enigmas e segredos de Alice, e ter os comportamentos esperados torna-se uma missão quase impossível para Jack. Ainda que, por vezes, a sorte pareça bafejá-los, a verdade é que aquilo que os separa aparenta ter muito mais impacto. Mas o sentimento permanece.


Mesmo quando segue uma nova vida com Lynn (Aisling Bea), Jack não consegue desligar o “botão” que o comanda sempre que Alice se insere novamente na sua vida. Movido frequentemente pela lógica, Jack perde-se no seu próprio enredo e vai tendo atitudes “fora da personagem” quando a sua rotina é abalada pela mulher que, anos antes, julgou vir a ser apenas um encontro casual. Em termos de argumento, a audiência é desafiada pelas dúvidas dos protagonistas que, uma vez após a outra, não são capazes de finalizar uma narrativa aparentemente simples.

Poderá ser aquilo que os liga maior do que as suas diferenças? Será a razão de Jack capaz de acalmar a emoção que, a espaços, parece consumir Alice? A história prolonga-se no tempo, mas o que une Alice e Jack não se esbate. Sendo uma série tradicionalmente romântica, «Alice & Jack» procura ir além disso e abordar a figura complexa que é o ser humano, sobretudo quando é assombrado por traumas e inseguranças passadas e já fora do seu controlo. No meio disso, como fica aquilo que consegue efetivamente controlar?

As respostas começam a ser dadas no dia 24 de junho, depois das 22h, no TVCine Edition.

 

Texto originalmente publicado aqui

 

Sara Quelhas

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