Tive acesso antecipado à nova minissérie da Netflix Portugal, «Unbelievable», com estreia marcada para esta sexta-feira, 13.
A história de Marie (Kaitlyn Dever, «Last Man Standing») é um desconforto constante em 60 minutos de piloto. Toni Collette e Merritt Wever podem ser as estrelas da companhia, mas o primeiro episódio é totalmente dedicado à vítima, real, que lança o mote de «Unbelievable». Na tradução, “inacreditável”, numa alusão à desconfiança instalada perante a queixa de Marie.
Tudo começa com a denúncia de uma violação, mas as dúvidas amontoam-se de seguida, e o espectador é colocado ao lado de Marie. Sofre com ela em casa, nas salas de interrogatório, na desconfiança dos que a rodeiam.
Marie tem de contar o que lhe aconteceu a um polícia, depois a um detetive, no hospital, e finalmente por escrito. No espaço de poucas horas, sem descanso. Numa pressão desmesurada e maior do que qualquer pessoa conseguiria suportar, muito menos alguém fragilizado, Marie vai somando inconsistências. O núcleo que a devia suportar coloca-a em causa, a polícia alinha no discurso e, subitamente, a vítima fica num estado de tamanha tensão que a audiência sofre com ela.
Susannah Grant, Michael Chabon e Ayelet Waldman, os criadores, não se preocupam com o argumento ou com as fórmulas-cliché das séries do género. Eles vão demorar tanto tempo quanto precisarem, com a atenção que Marie merece. A série vem depois. E, quando finalmente chega, arrebata-nos.
Só um formato como a Netflix, com a temporada (de oito episódios) lançada de uma só vez, permite tamanha ousadia sem cansar o espectador, é certo. Ao primeiro episódio mais parado soma-se o segundo, onde Merritt Wever brilha como detetive e expõe, ainda que inadvertidamente (mas com toda a intenção do argumento), as falhas atrozes dos detetives que entrevistaram Marie.
Há novo caso de violação, os pormenores são semelhantes e, no final do episódio, já Toni Collette é chamada à conversação. Pensar que estamos perante um caso real é gritante, assim como o foi «When They See Us». Um drama, inspirado num caso verídico, que promete dar que falar nas próximas semanas.
Texto originalmente publicado na Metropolis
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