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SEAL Team: a destruição faz a força?

São 21 anos com lugar cativo no pequeno ecrã: depois de «Buffy, Caçadora de Vampiros», «Angel» e 12 temporadas de «Ossos», David Boreanaz voltou a provar que tem o condão do sucesso com «SEAL Team». De regresso ao TVSéries para uma segunda temporada, com a primeira a ser exibida atualmente na FOX, a série criada por Benjamin Cavell mostrou, uma vez mais, que tem qualidade para ficar. Numa altura em que há dramas militares ao pontapé, «SEAL Team» desafia o estereótipo do ‘mais do mesmo’ e vence por mérito próprio.

Com uma narrativa inteligente, que não tem medo de ir à origem do conflito – com acesso constante aos bastidores e ‘montagem’ da missão –, «SEAL Team» constrói os episódios com cuidado e complexidade e, ao mesmo tempo, reforça a profundidade das personagens. Jason Hayes (Boreanaz) e Ray Perry (Neil Brown Jr.) são o melhor exemplo desse objetivo, pelo que são o principal foco de atenção no regresso da série. No último episódio da temporada 1, o primeiro teve um ataque de pânico num café e o segundo foi afastado por Jason, o líder da Bravo, da equipa.

Como seria de esperar, Jason é incapaz de admitir as suas fraquezas e a instabilidade psicológica resultante da concussão, e não tarda a partir para o ativo. Algo hipócrita, como é sublinhado por Ray, já que este foi castigado por ter ocultado e ignorado a sua condição médica – o que teve consequências catastróficas. A tensão entre os dois veio para ficar, até porque Jason não tarda a oferecer o lugar de Ray, que, descontente, é aconselhado pela mulher a deixar de ser instrutor e a juntar-se a outra equipa.

Como nos habituou, «SEAL Team» não esquece a vida pessoal dos seus intervenientes, por mais ‘curta’ que esta seja. Jason encontra-se a viver com a ex-mulher Alana (Michaela McManus), embora não tenham voltado a ser um casal, e tenta manter-se mais presente como pai, enquanto adia a mudança para uma casa dele. No entanto, e como seria de esperar, a situação tarda a ter resultados mais concretos, porque a dedicação de Jason ao trabalho é constante. Foi esse, aliás, o motivo que levou a mulher a pôr um final à relação.

Em termos de argumento, e até encontrar nova storyline para a segunda temporada, a equipa resolve um problema grave relacionado com petróleo no Golfo da Guiné. Ali destaca-se Clay (Max Thieriot), que procura reforçar o seu papel enquanto número 2 de Jason na ausência de Ray, ao mesmo tempo que o ator continua a tentar afirmar-se com uma personagem mais adulta. Se continuar a ‘cuidar’ do elenco secundário, «SEAL Team» terá certamente qualidade, e material, para ser mais uma série longa, ao estilo do que tem sido a carreira de Boreanaz.

Texto originalmente publicado na Metropolis.

 

Sara Quelhas

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