Loki: vilão fan favourite é o “rei”… do pequeno ecrã

Uma das mais aguardadas séries do Marvel Cinematic Universe (MCU) chegou, finalmente, ao Disney+. Loki, o rei da mentira, é o grande protagonista de uma prequela complexa e bem estruturada, que agarra o espectador logo nos primeiros momentos.

Há um antes e um depois de «Thor» (2011) e «Os Vingadores» (2012) para Tom Hiddleston. Apesar do currículo bem composto e do forte elenco presente no MCU, o ator britânico atingiu aí uma fama absolutamente impressionante e, mesmo como vilão, tornou-se uma das personagens favoritas da audiência. Não é de estranhar, portanto, que «Loki» tenha sido uma das séries mais desejadas pelos fãs; e, mesmo com a exigência, a verdade é que a criação de Michael Waldron respondeu às expetativas.

A ligação aos filmes é imediata e bastante clara: o que aconteceu a Loki quando ele escapou aos Vingadores no filme de 2012? A resposta chega agora em «Loki», que já estreou no Disney+, cuja ação tem início imediatamente a seguir ao roubo do Tesseract. Pelos vistos, essa atitude de Loki despoletou uma alteração em relação à “timeline sagrada”, sendo que a TVA (Autoridade de Variação Temporal) se viu obrigada a intervir para evitar males maiores.

Wunmi Mosaku, que brilhou recentemente em «Lovecraft Country», é uma das agentes que apreende Loki e o leva para julgamento. «Loki» abre as portas a uma realidade já conhecida dos fãs das comics, a TVA e a forma como, na sombra, tentam manter assegurar que o destino se cumpre. Pelo menos em teoria, é certo.

Aqueles que escapam ao que dita a timeline são designados “variantes”, levados à sede, julgados e, em último caso, culpados e apagados da história. Os acontecimentos são assim reiniciados, e uma nova versão dos perpetuadores faz, então, o que é suposto. Como é fácil perceber, Loki parece estar destinado a morrer naquela versão, até que intervém Mobius (Owen Wilson), sem grande confiança por parte de Ravonna (Gugu Mbatha-Raw), que assume um papel de “juíza” na narrativa.

Apesar de «Loki» ter traços marcadamente cómicos, Owen Wilson assume um papel muito mais sério do que o habitual, numa boa contracena com o protagonista. Além disso, a comédia é mais natural e menos forçada pelo discurso, sendo muitas vezes uma consequência da ação e não forçada pela ação. A dupla Tom/Owen resulta muito bem, com a parceria inesperada entre Loki e Mobius a funcionar como surpresa, perante o fim aparentemente destinado ao irmão de Thor, a encetar o combate a uma variante que tem feito estragos em diversas linhas temporais.

A realização é da responsabilidade de Kate Herron («Sex Education»,«Daybreak»). O elenco integra ainda Sophia Di Martino, Erika Coleman, Richard E. Grant, Eugene Cordero e Sasha Lane, entre outros.

Como já se percebeu noutras abordagens da Marvel, não é certo para onde caminha «Loki», mas a audiência parece estar a gostar da viagem. Desde logo porque, atendendo à coerência narrativa entre filmes e séries – e até à manutenção dos atores originais, no caso Tom Hiddleston –, há a capacidade de captar (e manter) a atenção dos milhões de fãs do género. E, pela facilidade de contextualização, até chegar a novos públicos. Mais uma aposta ganha do Disney+.

 

Texto originalmente publicado aqui

 

Sara Quelhas

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