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A Guerra dos Tronos: a Otília viu a series finale

Elas existem. Nunca viram «A Guerra dos Tronos», pouco sabem além da presença de dragões e mortos-vivos, e todo o fenómeno da saga de George R.R. Martin lhes passou ao lado. Estas figuras misteriosas observam à distância, como os visitantes de um zoo que encaram uma espécie desconhecida e não têm a mínima curiosidade de se juntar à festa. A Otília é um desses casos. Já a pus a ver «Orphan Black», «The Good Place» e «Barry», entre outras, mas da série criada por David Benioff e D.B. Weiss ela não quer nem ouvir falar. Apesar disso, aceitou o meu desafio inusitado de ver ‘à queima-roupa’ o último episódio. O resultado é hilariante.

A ideia era aparentemente simples: fazer a review de uma série que nunca vi. Para uma seriólica assumida como eu até seria aliciante, não fosse um pequeno pormenor: seria sobre o último episódio da malfadada «A Guerra dos Tronos»

Não vou pedir desculpa aos fãs pela minha falta de simpatia pela série, até porque me parece que por estes dias estão quase todos com vontade de espancar os argumentistas. O meu conhecimento sobre a série é literalmente nulo, ao ponto de, numa altura em que publiquei uma foto do meu filho vestido com um fato de inverno peludo com a legenda “Winter is coming”, uma amiga comentar, muito admirada, que não sabia que eu via GOT. A minha reação foi “Oi? GOT? WTF is that?”.

Depois de processar que mal teria eu feito à Sara para me fazer este convite, resignei-me, muni-me de uns docinhos para aguentar a hora e meia e… Here we go.

O episódio de «A Guerra dos Tronos» começa com um cenário de destruição avassalador e a minha primeira impressão até foi “que fotografia do caraças, até não começamos mal”. O sentimento durou uns minutos, até ouvir o primeiro nome de uma personagem, “Verme Cinzento”. Ainda pensei se me teria enganado e estava a ver o canal Panda, podia ser um dos amigos da Zebra Riscas e da Girafa Pintas… Mas não, alguém achou mesmo que Verme Cinzento seria um bom nome para uma personagem de uma série dramática. Thumbs up!

Segue-se o discurso empolgado da big boss lá do sítio aos seus súbditos (que raios de língua é esta?) e a consequente tensão entre esta e Jon (sim, consegui apanhar outro nome!) que depreendo já terem tido uma historiazinha romântica que por alguma razão muito forte teve que acabar (predictable much?). Para salvar o amigo que tinha traído a rainha, Jon decide matá-la, mas não sem antes lhe dar um último beijo para deixar os fãs a suspirar e, em troca, recebe a ira do animal de estimação da rainha, AKA dragão cuspidor de fogo.

Traição consumada, reúne-se o conselho de administração de condomínio para decidir o futuro do reino e um novo e inesperado rei é escolhido. Achei deliciosa a ironia do coitado que sugeriu uma votação democrática e foi ridicularizado por isso! O assassino da rainha, herói para uns e traidor para outros, é desterrado. E foi neste ponto que me emocionei, não porque fiquei com pena do rapaz, mas de felicidade porque achei que o episódio ia acabar. Mas não, seguem-se longos minutos onde nada parece acontecer… Mas, juro, não fechei os olhos, até porque estava com uma dúvida desde o início do episódio: onde estão os mortos-vivos? Se calhar a única coisa que achava saber (devo ter visto nalgum trailer) nem sequer é desta série…

Em resposta à Sara, que me disse “ainda vais ver a série toda depois disto”, só tenho uma coisa a dizer: AHAHAHAHAHAHAH!

 

Otília Joel

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